Jamil Chade

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Reportagem

Lula planeja retomar embaixadas na África fechadas por Bolsonaro

O governo planeja usar a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a África, em dez dias, para anunciar a reaberturas de embaixadas que Jair Bolsonaro fechou nos últimos quatro anos. E também avaliar o estabelecimento de novos postos diplomáticos em locais onde o país ainda não tem presença.

Lula viaja para a cúpula dos Brics, evento que ocorre a partir do dia 21 de agosto. Mas passará depois por Angola e possivelmente fará uma parada na cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em São Tomé e Príncipe.

Em 2020, as representações brasileiras que tinham sido abertas pelo primeiro governo Lula nas cidades de Freetown (Serra Leoa) e Monróvia (Libéria) foram fechadas e seus serviços foram deslocados para a embaixada do Brasil em Acra (Gana). Agora, a ideia é a de retomar os trabalhos nesses locais e ainda considerar países como Ruanda e Gâmbia, todos na África.

No Palácio do Planalto, a informação é de que a intenção do presidente é de fazer o anúncio durante a viagem. O Itamaraty também confirma que o tema está sendo avaliado, mas que ainda aguarda uma definição de quais seriam os postos anunciados.

A reabertura dos postos havia sido já uma proposta que a equipe de transição fez ao presidente eleito, depois do pleito de 2022, e quando grupos foram montados para examinar uma reformulação da diplomacia nacional.

Agora, a viagem de Lula marca uma retomada da agenda africana do Brasil. Nos oito anos relativos aos dois primeiros mandatos do petista na presidência, ele fez 30 viagens para a África, enquanto seu então chanceler Celso Amorim realizou 67 missões para o continente.

Bolsonaro, porém, não havia fechado postos apenas no continente africano. No Caribe, as embaixadas localizadas nas cidades de Saint George's (Granada), Roseau (Dominica), Basseterre (São Cristóvão e Névis), Kingstown (São Vicente e Granadinas) e Saint John (Antígua e Barbuda) deixaram de existir em 2020 e tiveram suas funções acumuladas na representação brasileira em Bridgetown (Barbados).

Na América do Sul, a embaixada do Brasil em Caracas e os consulados e vice-consulados espalhados pela Venezuela também foram reabertos. No caso venezuelano, o fechamento ocorreu por uma decisão política por parte da ala mais radical do bolsonarismo, que havia tomado uma decisão de romper com o governo de Nicolas Maduro.

A decisão, porém, deixou centenas de brasileiros que vivem na Venezuela sem assistência. Na eleição presidencial, eles tiveram de viajar até a Colômbia se quisessem votar.

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Antes de Bolsonaro vencer a eleição em 2018, o Brasil contava com cerca de 140 representações no exterior. Mas, antes mesmo de assumir, ele indicou que fecharia embaixadas "ociosas".

A retirada do Brasil de diversas regiões, porém, não ocorreu apenas por conta do encerramento de embaixadas. Em diversos postos em continentes que não eram considerados como prioridade, o Itamaraty nem sequer enviava com frequência instruções aos seus diplomatas lotados nas embaixadas brasileiras.

Sob a gestão de Ernesto Araújo no Itamaraty, na primeira metade do governo Bolsonaro, o Brasil abandonou parte de sua agenda com os países em desenvolvimento e concentrou suas relações com os EUA, de Donald Trump, ou com governos liderados pela extrema direita.

Além das embaixadas, o Brasil vai reabrir os postos de adidos militares em locais considerados como estratégicos pelo continente.

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