Jamil Chade

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Falar só com um lado não vai resolver guerra na Ucrânia, diz Brasil na ONU

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva insistiu em um discurso nesta quarta-feira no Conselho de Segurança da ONU, que uma saída para a guerra apenas será obtida quando a comunidade internacional ouvir tanto os russos como ucranianos.

O encontro teve a participação do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que acusou os russos de crimes e pediu que Moscou perca seu direito de veto na ONU.

Mauro Vieira, que dividiu a sala com líderes como Olaf Scholz, Antony Blinken, Sergey Lavrov e outros, defendeu que a comunidade "reverta" a trajetória da guerra.

O governo usou o encontro para pedir uma desescalada, a volta do diálogo e uma solução pacifica do conflito. "Não há solução militar. Só uma solução politica que leve em consideração as preocupações legitimas de segurança de todos os envolvidos", disse.

O chanceler pediu que a ONU ajude as partes implicadas na guerra a aceitar um diálogo e insistiu que o Brasil defende a medição como um instrumento diante desse cenário. Mas alertou que o "espaço para diplomacia esta se encurtando".

Ele ainda acredita que "ambos os lados devam ser ouvidos" para que a a guerra seja encerrada, contradizendo as percepções de europeus, americanos e ucranianos de simplesmente isolar a Rússia.

"Falar apenas com um dos lados não vai resolver", alertou. Seu alerta foi dado horas antes de os presidentes Lula e Zelensky se reunirem em Nova York, nesta quinta-feira.

Mauro Vieira ainda mandou um recado aos aliados dos ucranianos que, nos últimos meses, despejaram bilhões de dólares em armas para Kiev. Segundo ele, o Brasil reconhece o direito à autodefesa. Mas governos precisam reconhecer que a escalada no conflito, "com armas ainda mais sofisticadas, munição e ameaças nucleares", minam a segurança internacional para além do campo de batalha.

Vieira evitou citar textualmente o governo de Vladimir Putin. Mas insistiu que o conflito está tendo "graves consequências para a população local" e denunciou a destruição da infraestrutura do país que amplia a crise humanitária.

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O chanceler também se disse preocupado com a segurança de usinas nucleares que, se atingidas, poderiam gerar uma catástrofe de proporções inimagináveis".

O Brasil ainda destacou como a guerra vem tendo um impacto negativo para os países em desenvolvimento, diante do impacto no abastecimento de alimentos e energia. Para o chanceler, o acordo de grãos entre russos e ucranianos precisa ser restabelecido.

Instituições não estão dando resposta

O chefe da diplomacia brasileira ainda destacou como, diante da guerra na Ucrânia e do maior número de conflitos violentos no mundo desde 1945, as instituições internacionais não estão respondendo adequadamente aos desafios.

Segundo ele, a inabilidade do Conselho de Segurança de cumprir seu mandato está afetando sua credibilidade e ampliando o coro por uma reforma.

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