Jamil Chade

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Ameaça de guerra generalizada mobiliza diplomacia mundial, ONU e Liga Árabe


Diante do risco de que o confronto entre o Hamas e Israel ganhe contornos de uma guerra regional, diplomacias de todo o mundo se mobilizam para tentar promover uma desescalada da crise.

Neste domingo, a Autoridade Palestina fez um apelo oficial para que a Liga Árabe realize uma reunião de emergência, entre seus chanceleres.

O embaixador da Liga Árabe, Muhannad Al-Aklouk, disse que o pedido para a reunião ocorre diante da "brutal e contínua agressão israelense contra o povo palestino, incluindo a escalada da invasão da Mesquita de Al-Aqsa por milhares de colonos".

Ainda que seja a principal autoridade entre os palestinos, o grupo não representa o Hamas e vive uma profunda crise de credibilidade. Mahmoud Abbas, o presidente, nem sequer convoca eleições, alegando riscos de segurança. Mas o real motivo é a certeza de que, nas urnas, seria imediatamente derrotado.

Nos bastidores, os governos do Egito, Turquia e Arábia Saudita iniciaram desde sábado contatos para buscar caminhos que permitam que a tensão possa ser reduzida. Os três países vem mantendo relações com Israel nos últimos meses, num esforço para realinhar a política no Oriente Médio.

O governo da China ainda fez um apelo por um cessar-fogo, alertando que não haverá uma solução militar para a crise.

Mas com o vexame em seu sistema de segurança, o governo de Israel precisa agora mostrar força, inclusive para não ter sua própria legitimidade questionada.

A movimentação diplomática tem sido intensa. O presidente da França, Emmanuel Macron, telefonou para líderes da região para pedir que haja uma condenação inequívoca diante dos atos do Hamas.

Um dos momentos mais importantes ainda será quando o Conselho de Segurança da ONU se reunirá, por proposta do Brasil. Como presidente do órgão durante o mês de outubro, o governo brasileiro é quem estabelece a agenda do Conselho.

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Numa demonstração do grau de ameaça que o caso representa para a segurança internacional, o encontro do Conselho da ONU ocorrerá a portas fechadas. A reunião está marcada para as 15h de Nova York.

Para representantes da ONU, a região está "à beira do abismo".

Mas os ataques também representam um colapso das esperança do governo de Joe Biden de construir uma nova relação de poder no Oriente Médio e reorientar a estratégia para a região. Estava planejado que, nas próximas semanas, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajaria para Riad e Tel Aviv, na esperança de concretizar a normalização política entre Arábia Saudita e Israel.

Se realizado, o ato poderia mudar a história da região. Mas os americanos apostavam que o reconhecimento de Israel por parte dos sauditas também abriria caminho para que Tel Aviv aceitasse negociar e ceder inclusive no bloqueio que impõe sobre Gaza.

Agora, com os ataques do Hamas, qualquer possibilidade de Israel ceder está enterrada. E, para diplomatas envolvidos no diálogo, a normalização fica suspensa e sem data para voltar a ser debatida.

Enquanto isso, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, telefonou para os líderes do Hamas, num sinal interpretado pela comunicado como uma clara chancela de Teerã aos atos dos últimos dias. Analistas e diplomatas concordam que os ataques servem de um alerta dos iranianos aos rivais sauditas, de que não haverá normalização da relação com Israel, enquanto as reivindicações palestinas não sejam atendidas.

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