Jamil Chade

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Saída de brasileiros de Gaza depende de acordo entre Egito, EUA e Israel


Os cerca de 30 brasileiros que estão na Faixa de Gaza e esperam para serem retirados da região terão de esperar por um acordo entre Egito, Israel e EUA para que possam deixar a zona sob conflito. Fontes diplomáticas confirmaram ao UOL que tratativas estão ocorrendo neste sentido. Mas que não há uma previsão ainda de quando isso poderia ocorrer.

Neste sábado, a fronteira de Gaza com o Egito foi aberta para a entrada de 20 caminhões, levando remédios e alimentos para os palestinos. Mas a fronteira não foi liberada para a saída de pessoas.

O chanceler Mauro Vieira, que esteve no Cairo para uma cúpula neste fim de semana, aproveitou os encontros para também tratar com as autoridades egípcias da situação dos brasileiros. Para que eles possam sair, a única maneira seria usar essa fronteira ao sul da Gaza, com o Egito.

A situação também tem mobilizado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que telefonou nos últimos dias para líderes da França, Egito, Israel e para a Autoridade Palestina.

Um dos argumentos do Brasil é de que essas pessoas não são refugiadas e que, assim que passarem a fronteira, embarcariam em um avião para o país. A aeronave, de fato, já está no Egito, como um sinal ao governo local de que não haverá qualquer estadia dessas pessoas no Cairo.

O Brasil não é o único país que pede a saída de seus nacionais. De acordo com diplomatas no Cairo, são pelo menos dez países nessa situação.

O Egito tem os seguintes argumentos para resistir a um abertura:

Não querem um fluxo de milhares de palestinos para seu território;

Temem que, uma vez no Egito, os palestinos não voltem para Gaza, criando uma nova situação no país;

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Avaliam que, se Gaza for esvaziada de palestinos, a luta dessa população por um estado fica enfraquecida.

Temem que, em território egípcio, grupos radicais palestinos possam se reorganizar, o que levaria Israel a considerar como justificado atacar esses locais no Egito

Israel também tem seus argumentos para não aceitar abrir a fronteira:

Não quer permitir que uma abertura da fronteira seja usada pelo Hamas para escapar ou se reorganizar em um território seguro.

Quer um controle completo dos carregamentos que entram em Gaza, para evitar que o corredor humanitário acabe beneficiando o Hamas.

Papel dos EUA

Quem faz a mediação entre Egito e Israel, neste momento, é o governo americano, aliado de ambos. A esperança de diplomatas é de que os EUA coloquem pressão para que os dois lados possam ceder. Mas não há, por enquanto, qualquer data.

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A sinalização que o Brasil recebeu, porém, foi de que esses brasileiros em Gaza receberão uma atenção privilegiada do Egito, assim que um acordo mais geral for obtido.

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