Jamil Chade

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Israel nega saída de parte dos brasileiros de Gaza; famílias se dividem

As famílias de brasileiros e palestinos que estão em uma nova lista de pessoas a serem retiradas de Gaza começaram a receber telefonemas do Itamaraty, nesta sexta-feira, comunicando que seus nomes foram aprovados. Mas, para o desespero de muitos deles, uma parcela das famílias não foi autorizada a sair.

O UOL apurou que o veto para certos membros das famílias veio de Israel. Nem o Itamaraty, porém, recebeu explicações sobre o comportamento do governo de Benjamin Netanyahu.

Depois de retirar no mês passado cerca de 30 pessoas de Gaza, o Brasil apresentou às autoridades de Israel e do Egito uma segunda lista de brasileiros e parentes palestinos que gostariam de sair da região sob ataque.

Cruzar a fronteira depende de uma verificação e de uma autorização tanto dos oficiais do Cairo como de Tel Aviv — a data da liberação não foi anunciada.

Nos últimos dias, diante da ofensiva de Israel sobre o sul da Gaza, o Itamaraty conseguiu concentrar 85 brasileiros e familiares próximos em Rafah, retirando quase todos eles dos locais mais intensos da guerra, como Khan Younes.

Ali, eles estariam poucos passos da fronteira com o Egito e poderiam ser evacuados rapidamente. Nesta semana, um avião da FAB começou a ser preparado para seguir viagem do Rio para o Cairo, na expectativa de que a repatriação possa ocorrer em poucos dias ou semanas. Mas o avião ainda não deixou o Brasil e espera que o processo de autorização dos evacuados esteja concluído para decolar.

Mas, para a surpresa de algumas dessas famílias, nem todos estão sendo beneficiados por uma autorização.

Hasan Rabee, brasileiro que deixou Gaza em outubro, relatou que sua família está hoje numa situação complicada.

A embaixada do Brasil ligou para minha família. Minha mãe e uma das minhas irmãs foram aprovadas. Mas outra irmã não foi.
Hasan Rabee, spbre a irmã Rawan Rabee, nascida em 2001

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Segundo ele, outras famílias estão vivendo o mesmo drama nesta sexta-feira. "As famílias estão sendo divididas. Minha casa foi bombardeada em Khan Younes e deram um barraco para viver na rua. Como será agora? Como funciona isso?", insistiu.

"Precisamos saber o motivo", disse. Segundo ele, sua família não recebeu explicações. "Nada é dito sobre como essa decisão foi tomada", lamenta Hasan.

O UOL apurou que pelo menos outras duas famílias vivem situações parecidas. Numa delas, Ibrahim Shaheen, nascido em 2006, não recebeu a autorização de sair de Gaza. Outro é Imad Amna, de 57 anos.

Diplomatas brasileiros admitem que o número de rejeitados é mais elevado. O total, porém, não foi divulgado por enquanto.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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