Jamil Chade

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Extrema direita salta na França e Alemanha e pode ser 3º maior força da UE

A eleição para o Parlamento Europeu, que ocorre em junho, pode ser um momento decisivo para o movimento ultraconservador e para o próprio continente. Pela primeira vez, pesquisas de opinião apontam que a extrema direita lidera as intenções de voto ou apresenta resultados expressivos em algumas das maiores economias do bloco. Se confirmadas as projeções, esses partidos podem se transformar na terceira maior força política no Parlamento Europeu.

De acordo com a Portland Communications, candidatos dos dois partidos de extrema direita da França podem obter até 39% dos votos. Enquanto isso, o grupo do presidente Emmanuel Macron, de centro, aponta para um resultado de apenas 14%.

No caso francês, a pesquisa foi realizada no final de janeiro, enquanto agricultores já se mobilizavam para um protesto que ameaçou paralisar as grandes cidades do país.

Na Alemanha, a extrema direita também aponta para um resultado expressivo. Em 2019, na última eleição ao Parlamento Europeu, o partido Alternativa para Alemanha (AfD) ficou com 11% dos votos. Agora, as pesquisas apontam para 17%. Membros do partido chegaram a visitar o então presidente Jair Bolsonaro, nos últimos anos.

A previsão é de que a extrema direita superaria o SPD, o partido de esquerda que está no poder na Alemanha. Apenas o CDU, de centro-direita, ainda se mantém acima do AfD, com 29% das intenções de votos.

O grupo que chegou a ser monitorado pela polícia alemã por conta da existência de elementos neonazistas também supera, na pesquisa de opinião, os partidos ecologistas, com apenas 13% dos votos e uma queda de oito pontos percentuais em comparação a 2019.

Nas últimas semanas, manifestações lotaram praças e ruas pelas principais cidades da Alemanha contra o movimento de extrema direita.

Tanto na França, como na Alemanha ou Itália, foi o custo de vida que apareceu como o principal motivo de preocupação do eleitor. Mas em Berlim e Paris, o debate sobre a imigração veio em segundo lugar, entre os temas prioritários.

A pesquisa, assim como análises independentes, apontam que o movimento ultraconservador pode estar avançando para registrar um salto inédito nas eleições de junho. Nas urnas, 400 milhões de europeus vão escolher 720 deputados.

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Numa outra pesquisa, encomendada pela Euractiv, o partido ultraconservador e nacionalista, Irmãos da Itália, aparece na primeira posição nas intenções de voto para o Parlamento Europeu, com vantagem em comparação a todos os demais movimentos políticos. Na Espanha, o Vox aparece em terceiro lugar e, na Holanda, o grupo de extrema direita lidera as pesquisas.

De acordo com o levantamento, os movimentos de extrema direita tiveram dez meses consecutivos de avanços nas pesquisas de opinião.

Terceira maior força da Europa

Se hoje o movimento de extrema direita é apenas o sexto maior bloco político no Parlamento, com 40 assentos, as projeções apontam que o grupo poderia chegar a ocupar entre 98 e 100 lugares a partir de junho. Se isso se confirmar, os ultraconservadores serão a terceira maior força política da Europa.

Existem ainda negociações para que partidos que hoje fazem parte do bloco da direita tradicional no Parlamento Europeu abandone o grupo para engrossar o movimento de extrema direita.

Se confirmado, diplomatas europeus não descartam que o processo legislativo no Parlamento e o posicionamento do órgão em debates sobre gênero, religião e mesmo sobre os organismos internacionais sofra uma profunda mudança.

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Um avanço do movimento de extrema direita ainda poderia dificultar a reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia.

O impacto não se limita apenas ao Parlamento. O movimento ganha espaço nas eleições nacionais de Portugal, Áustria e França, além de já estar no poder na Itália e outros arranjos nacionais pela Europa.

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