Jamil Chade

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Cúpula da ONU sobre mulheres é aberta com discursos de 5 homens

O principal encontro mundial sobre a situação das mulheres foi aberto nesta segunda-feira, em Nova York na sede da ONU, com discursos de homens. O primeiro a falar foi o presidente da Comissão sobre a Situação da Mulher, o filipino Antonio Manuel Revilla, que indicou que a prioridade era o "empoderamento das mulheres".

Entre seus anúncios, um deles foi o da escolha da Arábia Saudita para ocupar um cargo num dos comitês da entidade. Os sauditas, apesar das reformas, continuam estipulando a tutela de homens sobre o direito de mulheres, até mesmo para sair da prisão.

Ele foi seguido pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que denunciou o fato de que, no mundo, o número de mulheres "em posições de tomada de decisão está caindo".

"Mulheres estão virtualmente ausentes das conversas para acabar os conflitos na Etiópia, Sudão, Mianmar e Líbia", disse. Segundo ele, a representação de mulheres no sistema da ONU bateu um recorde "histórico".

Mas quem subiu para falar depois do português foi o presidente da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis. Mais um homem. Segundo ele, uma a cada dez mulheres vive em pobreza extrema. Se o ritmo de avanço social for mantido, 340 milhões de mulheres continuarão em extrema pobreza em 2030.

Sua fala foi seguida por mais um homem. Desta vez, o discurso deveria ter sido da presidente do Conselho Econômico e Social da ONU, a chilena Paula Ojeda. Mas ela não pode viajar para Nova York. O motivo: uma urgência em sua família. Em seu lugar, subiu ao palco seu número 2, o croata Ivan Somonovic. "Estou ampliando o desequilíbrio dessa abertura", disse, arrancando risadas nervosas dos diplomatas de todo o mundo.

Quando ele terminou sua fala sobre a situação das mulheres no mundo, quem tomou a palavra foi Achim Steiner, administrador do Programa da ONU para o Desenvolvimento. "Sou muito consciente de que sou mais um homem falando aqui neste pódio", lamentou.

Foi apenas mais de uma hora e 20 minutos depois que o encontro havia sido iniciado é que a primeira mulher subiu ao palco para discursar.

O papel coube à ativista indiana Chetna Gala Sinha, ovacionada na sala da Assembleia Geral da ONU.

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