Escândalos levam milhares a pedir renúncia de líder que abrigou Bolsonaro
Abalado por escândalos de corrupção e acusações de interferência no Judiciário, o líder da extrema direita e primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, enfrentou na noite de terça-feira (26) protestos em Budapeste. Milhares de húngaros pediam que o chefe de governo renunciasse.
O protesto ocorre depois que um ex-aliado publicou áudios de conversas entre os conselheiros mais próximos de Orbán, sugerindo modificações em acusações na Justiça e no Ministério Público. As suspeitas apontam para uma suposta tentativa do governo de interferir na Justiça.
Foi na Embaixada da Hungria, em Brasília, que Bolsonaro ficou hospedado em fevereiro — após ser alvo de operação da PF. Orbán é considerado referência pelos bolsonaristas, pela forma pela qual passou a controlar o Judiciário, Parlamento, imprensa e o cerco à sociedade civil. Ainda no poder, Bolsonaro chamou o húngaro de seu "irmão" e, apesar do papel insignificante da Hungria no cenário internacional, Brasília colocou Budapeste na rota de ministros do antigo governo brasileiro.
Na noite de ontem, os manifestantes realizaram uma passeata, sob os gritos de "renuncie, renuncie". Muitos caminhavam com tochas.
'Estamos fartos'
O responsável pela publicação dos áudios é Peter Magyar, ex-marido de Judit Varga, ex-ministra da Justiça de Orbán. Em suas redes sociais, ele revelou uma gravação ocorrida ainda em sua casa, na qual membros do governo tentavam manobrar procuradores diante de um caso que envolvia outros aliados do primeiro-ministro.
O casal era, porém, a imagem da família perfeita e conservadora que a extrema direita tenta implantar na Hungria.
A crise ocorre num momento tenso para o primeiro-ministro — dois de seus principais aliados caíram.
Em fevereiro, a presidente Katalin Novak e a própria Varga renunciaram por apoiarem a decisão de conceder perdão a um homem envolvido em um escândalo de abuso sexual infantil em abril de 2023. O vice-diretor de um orfanato estatal, que havia sido preso por encobrir uma série de abusos sexuais contra crianças, foi perdoado no ano passado — mas isso só se tornou conhecido no início de fevereiro.
Naquele momento, milhares de pessoas tomaram as ruas. Orbán justificou que apenas ficou sabendo pela imprensa.
Desta vez, durante os protestos, Magyar não escondeu que tem pretensões políticas. "Viemos dizer para aquelas pessoas no poder que estamos fartos", disse o ex-membro do partido do primeiro-ministro.
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