Apoios a Brazão 'dizem muito' sobre Congresso, diz Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta segunda-feira (15) que não ficou surpresa com a votação no Congresso Nacional que, na semana passada, examinou a prisão de Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes e de atrapalhar as investigações do caso.
Mas ela disse que os mais de cem votos pela soltura do suspeito são reveladores do Poder Legislativo.
Brazão foi mantido preso diante do apoio de 277 deputados. Mas o resultado foi só 20 votos a mais que o exigido para que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) fosse mantida —129 deputados votaram por sua libertação. Dos 240 membros da Frente Parlamentar da Segurança Pública, apenas 76 foram a favor de manter a prisão do deputado.
Para Anielle, irmã de Marielle Franco, o resultado da votação "não foi uma surpresa". "Ele apenas legitima o que o país tem virado e vivido", disse a ministra que, nesta semana, está em Genebra para reuniões na ONU. "São cerca de cem votos que demonstram o caminho que está tomando o Brasil", lamentou.
"Estamos votando contra bárbarie, fascismo e genocídio", disse. "Infelizmente, a Casa que era para cuidar do povo tem pessoas defendendo quem possivelmente manda assassinar outra parlamentar. Diz muito do Congresso que temos", constatou Anielle.
"Não vemos diálogo. Vemos ataques. Vemos falas que autorizam a violência policial", alertou.
Para ela, o caso do assassinato de sua irmã não está encerrado.
"Precisamos garantir que a justiça seja feita. Entendemos que é um caso complexo. Mas eu sempre disse aos meus pais que precisamos falar de coisas concretas. Pessoas estão sendo presas, na Câmara, vimos manifestações que poderiam ter mudado aquela prisão especificamente", afirmou.
Anielle afirma que a acusação e a prisão de Brazão são um avanço. "Mas vamos esperar as coisas se concretizaram de fato", disse.
"Não tenho que comemorar, mas entendo a importância dos fatos. Eu, no lugar de lidar com suposições, prefiro esperar. Esperar como vai ser o desenrolar dessas prisões, esperar se alguém mais vai falar", disse.
"Para mim, ainda falta tudo. Mas, acima de tudo, falta ela [Marielle]. Eu não consigo mensurar o que espero ainda. Espero que a justiça seja feita. Mas queria que ela estivesse aqui", completou.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.