Jamil Chade

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Reportagem

Reduto bolsonarista, escritório da Apex em Miami é alvo de mudanças

A Apex já iniciou a adoção de medidas diante das suspeitas de que a representação do órgão na cidade americana teria sido instrumentalizada para permitir a venda das joias do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Fontes do alto escalão da agência indicaram ao UOL que o órgão se prepara para promover "muitas mudanças" em seu escritório em Miami.

Conforme o UOL revelou hoje, a Polícia Federal suspeita que o general Mauro Cesar Cid usou a estrutura da representação na cidade americana no esquema de vendas das joias. O general é pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e foi colocado para liderar o escritório na Flórida em 2019.

Bolsonaro chegou a visitar a representação durante seu governo, num evento organizado também com o então chanceler Ernesto Araújo e empresários.

Com o fim do governo de Bolsonaro, a nova gestão da Apex designou um diplomata para comandar o posto em Miami e reformular os trabalhos da representação, considerada como um reduto bolsonarista.

Durante os últimos anos do governo Bolsonaro, a imigração americana chegou a contestar o status diplomático do escritório.

Ao longo do governo de Jair Bolsonaro, a Apex ainda foi também instrumentalizada em outros episódios da política externa do antigo governo brasileiro.

Em 2019, ao assumir o poder, Bolsonaro anunciou que iria mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O gesto significaria, na prática, o reconhecimento por parte do Brasil da cidade sagrada como capital de Israel, um ato controverso diante da posição palestina.

Imediatamente após o anúncio, a reação dos países árabes alertaram que poderiam tomar medidas contra os produtos brasileiros, o que deixou o setor agroexportador preocupado com eventuais prejuízos.

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Bolsonaro foi obrigado a ceder e, para não desagradar sua base, anunciou que o governo estabeleceria um escritório da Apex em Jerusalém. O gesto seria para fortalecer a parceria com o país nos temas de inovação, tecnologia e investimentos.

Em 2023, Israel ocupava a modesta posição de 34º maior fornecedor de bens ao Brasil, com um fluxo bilateral de cerca de US$ 2 bilhões.

A inauguração do escritório contou naquele momento com a presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, e o deputado Eduardo Bolsonaro.

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