Jamil Chade

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Avanço na extrema direita na UE é alerta ao Brasil, diz ministro de Lula

O avanço da extrema direita na Europa precisa servir de alerta no Brasil. O recado é do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que está em Genebra para as reuniões da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

"Nós temos de estar alerta, enfrentar o debate", disse. "Os partidos, movimentos e sindicatos precisam discutir e observar. A ocupação de território nos debates e nas ideias se dava de um jeito. Hoje, é diferente", afirmou. "Portanto, temos de debater como criar condições para isso", defendeu o ministro, que sugere que as forças políticas no Brasil fiquem de olho no que ocorreu na UE.

No fim de semana, a extrema direita saiu como a grande vitoriosa em eleições na França, Áustria, Itália e outras partes da UE. Na Alemanha, o movimento ultraconservador chegou na segunda posição, com seu melhor resultado da história.

Na próxima quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estará na OIT e, segundo fontes no Palácio do Planalto, usará seu discurso na organização para sair em defesa das democracias diante do avanço dos movimentos populistas. Entre diplomatas brasileiros, o temor é de que a coalizão internacional que repudiou a ofensiva bolsonarista contra as instituições da democracia no Brasil possa se desfazer se países como a França, EUA e outros sofrerem uma guinada à extrema direita.

Durante a eleição de 2022, foi justamente um pacto entre democracias que sinalizou aos bolsonarismo que a comunidade internacional não aceitaria qualquer ruptura do estado de direito no Brasil, conforme proposto por militares e aliados de Jair Bolsonaro.

"Tem uma avalanche de mudança, como teve no Brasil", disse Marinho.

"Muitas vezes a agenda econômica interfere muito. A extrema direita tem conseguido fazer o discurso fácil, irresponsável. Vender ilusão é mais fácil que vender a verdade, planejamento e consequências", disse o ministro. "Tem gente que acredita que pode conseguir as coisas para amanhã", lamentou. "Depois, as consequências são trágicas", alertou.

Parte do problema, segundo ele, é a difusão de desinformação. Para Marinho, a academia, os meios de comunicação e todos os setores devem repensar a forma pela qual podem provocar que as pessoas estejam "abertas à realidade". "A extrema direita, tal como está construída, não tem compromisso algum com a verdade", disse.

Outro fator é dinheiro. "Nesse debate, há muito dinheiro", disse. "Não é apenas uma questão de comunicação. O melhor discurso não serve se não houver dinheiro para impulsionar. Sem impulsionar, não chega na esquina. Com dinheiro, chega na China", afirmou. "É disso que se trata e por isso precisa de regulagem", constatou.

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Para ele, a extrema direita "tem dinheiro para botar e estão comprando". "A esquerda vai ficar para trás", disse.

"Demoramos para regular", lamentou o ministro.

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