Sindicatos acusam CNA de 'golpista' às vésperas de ida de Lula para OIT
![Empresário Gedeão Silveira Pereira, à direita de Marinho, negou trabalho escravo no RS em evento com a presença do ministro Empresário Gedeão Silveira Pereira, à direita de Marinho, negou trabalho escravo no RS em evento com a presença do ministro](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/1b/2024/06/11/empresario-gedeao-silveira-pereira-a-direita-de-marinho-negou-trabalho-escravo-no-rs-em-evento-com-a-presenca-do-ministro-1718109547673_v2_900x506.jpg)
A troca de acusações entre sindicatos e empregadores ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira na conferência da OIT, às vésperas da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o evento na Suíça.
Num discurso em nome de todos os trabalhadores brasileiros durante a conferência da OIT, nesta quarta-feira, o sindicalista Miguel Torres (Força Sindical), mandou um recado velado à CNA (Confederação Nacional da Agricultura), alertando para "golpistas". Um dia antes, o presidente da entidade do setor rural, João Martins, defendeu que fosse dado um "basta nesse governo".
"Eu não quero falar com o presidente Lula. Eu me recuso a falar com o presidente Lula, porque nós estamos vivendo um desgoverno. Vocês que fazem o Congresso, que fazem com que no Congresso as coisas aconteçam, está na hora da gente dizer que o país precisa de um plano para poder se desenvolver. O país não pode ficar à mercê do momento que o agro vai bem, o país vai bem", disse João Martins.
Enquanto isso, na segunda-feira em Genebra, o fazendeiro e vice-presidente da CNA, Gedeão Silveira Pereira, também causou indignação por parte do trabalhadores e parte do governo ao negar a existência de trabalho escravo no Sul do Brasil e atacar o Bolsa Família.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, optou por usar a ocasião para "jogar luz" sobre a situação. Mas fez questão de manter os canais abertos com o representante da CNA e estar presente até mesmo quando o fazendeiro fez seu discurso na OIT. O UOL presenciou quando Marinho, nesta quarta-feira, fez questão de abraçar o fazendeiro.
Já os sindicalistas optaram por outro caminho. Torres falou em nome de todos os principais sindicatos brasileiro, incluindo a Força Sindical, CUT, UGT, Nova Central, CSB e CTB.
"Ontem um representante empresarial do setor do agronegócio da ultra direita pediu o fim do governo Lula", disse. "Nós trabalhadores queremos é o fim do trabalho escravo, e o fim do golpismo em nosso país", afirmou.
"O Brasil avança num processo de mudanças positivas, ainda que devagar", disse o sindicalista."Posturas e ações negativas com ataques e perseguições contra os trabalhadores por parte de setores do conservadorismo e das elites têm impedido avanços mais significativos em nosso país", afirmou.
Enquanto elogiava o governo Lula, o sindicalista destacou a política de valorização do salário mínimo. "Conquistamos também em lei sancionada pelo presidente Lula, a igualdade salarial entre mulheres e homens nos locais de trabalho na mesma função", disse.
Hesitação
A decisão de Lula de viajar para a conferência da OIT e ao G7, no fim de semana, foi tomada apenas nos últimos dias. A situação no Rio Grande do Sul e os debates internos no país eram considerados como pontos prioritários. Mas a escolha foi por fazer a viagem.
Lula decola do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, às 15h, e desembarca em Genebra às 6:40h de quinta-feira, ao lado da primeira-dama. O presidente poderá ter reuniões bilaterais pela manhã e pela tarde, possivelmente com o governo da Suíça e o diretor-geral da OIT.
No final do dia, ele participa de uma cerimônia para o lançamento de um selo comemorativo dos 35 anos do livro de Paulo Coelho, O Alquimista. O escritor mora em Genebra.
Lula, em seu discurso de amanhã, vai insistir na necessidade de uma reforma das instituições, vai defender o combate contra a desigualdade e insistirá em seu projeto de uma taxação de grandes fortunas como maneira de lidar com o desequilíbrio social.
Ainda na quinta-feira, Lula embarca para a Itália, onde participa da cúpula do G7. Ao UOL, o assessor especial da presidência Celso Amorim indicou que o Brasil vai deixar claro sua preocupação em relação ao avanço da extrema direita.
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