33% dos brasileiros afirmam ser 'positivo' governo de leis religiosas
Um levantamento realizado pela entidade Ipsos revela que 33% dos brasileiros responderam que um sistema político com leis religiosas, sem eleições ou partidos políticos seria "positivo" para o país.
A pesquisa foi encomendada pelas entidades Earth4All e pela Global Commons Alliance, e foi divulgada hoje (23), enquanto o G20 se prepara para organizar suas reuniões ministeriais em julho. No total, mil brasileiros foram ouvidos, com mais de 18 anos.
No geral, 82% dos entrevistados no país sinalizaram que a democracia é o melhor sistema. Entre o segmento mais rico, o apoio chega a 89%. Mas, ao mesmo tempo, 33% sinalizaram como "positivo" um regime com leis religiosas, sem eleições ou partidos políticos.
A taxa chega a ser superior ao apoio a um regime militar, que ganhou a aprovação de 32% dos entrevistados.
Confiança baixa nos governos
O que o levantamento global também mostra é que a confiança nos governos é baixa, com apenas 39% das pessoas em 17 países do G20 pesquisados acreditando que seu governo pode ser confiável para tomar decisões em benefício da maioria das pessoas.
Já no longo prazo, a confiança fica ainda menor. Apenas 37% confiam em seu governo para tomar decisões que beneficiarão a maioria das pessoas daqui a 20 ou 30 anos.
No caso do Brasil, a taxa de confiança é de 38%, mas superior aos 25% na África do Sul, 33% no Canadá, 18% na França e 29% na Alemanha.
"Há uma demanda notável pela reforma dos sistemas políticos e econômicos nacionais e globais", indica o estudo. Nos 17 países do G20 pesquisados, 65% dos entrevistados acreditam que seu sistema político nacional precisa de grandes mudanças (36%) ou ser completamente reformado (29%).
Uma proporção semelhante (67%) tem a mesma opinião sobre o sistema econômico de seu país. Desses, 41% acreditam que ele precisa de grandes mudanças e 27% que precisa ser completamente reformado.
Os brasileiros aparecem entre os que mais querem reformas. 43% dos entrevistados defendem uma mudança completa e 38% pede "grande mudanças" no sistema político. A taxa é superior à média do G20.
Sandrine Dixson-Declève, copresidente do Clube de Roma, acredita que a pesquisa revela que a maioria dos cidadãos dos países do G20 diz que é hora de uma economia que proporcione maior bem-estar, mais soluções climáticas e menos desigualdade. "Mas os resultados também mostram uma falta de confiança no governo, especialmente na Europa", disse.
"Com as recentes eleições europeias caminhando para a direita radical, precisamos responsabilizar os governos pela introdução de uma economia que atenda às pessoas e ao planeta ao mesmo tempo", alertou.
A pesquisa também perguntou se as pessoas estão otimistas ou pessimistas em relação ao seu futuro. Em média, 62% das pessoas dos 18 países do G20 pesquisados estão otimistas em relação ao seu próprio futuro. No entanto, apenas 44% se sentem positivos em relação ao futuro de seu país, enquanto 38% estão otimistas em relação ao futuro do mundo.
Os participantes de economias emergentes como Indonésia, México, Brasil e Índia, juntamente com os da China e da Arábia Saudita, são os mais otimistas, enquanto os participantes da Europa e do Japão são menos otimistas.
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