Jamil Chade

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Lula consulta Macron e Scholz para organizar cúpula contra extremismos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma série de consultas para avaliar de que forma pode convocar uma reunião internacional para discutir formas de lidar contra os extremismos políticos. Nos últimos dias, ele tratou da proposta tanto com o presidente da França, Emmanuel Macron, como com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

O tema entrou na agenda das reuniões bilaterais que ele manteve às margens da cúpula do G7, na Itália. Antes da viagem, Lula também tinha debatido a possibilidade de um encontro ao conversar com o presidente do governo espanhol, Pedro Sanchez.

Trata-se da primeira tentativa concreta de se organizar um debate diante da ofensiva da extrema direita que, nos últimos anos, internacionalizou sua estratégia e criou encontros, cooperações e troca de ajudas em eleições espalhadas pelo mundo.

Não há ainda uma definição sobre o formato da conferência. Uma possibilidade seria a de aguardar até a reunião da Assembleia Geral da ONU, em setembro, para aproveitar a participação de todos em Nova Iorque para organizar o encontro.

O governo de Joe Biden havia tentado estabelecer uma "Cúpula para a Democracia". Mas o objetivo não declarado era criar uma aliança ocidental contra a China, o que acabou levando ao fracasso do projeto.

De todas as formas, diplomatas acreditam que esse caminho apenas poderá ser tomado depois das eleições convocadas por Macron, depois de sua derrota no Parlamento Europeu. Também seria necessário esperar uma redefinição das forças políticas na Europa, com a eventual reeleição de Ursula van der Leyen no comando da Comissão Europeia.

Na conversa com Macron, Lula ainda tratou do avanço da extrema direita nas eleições europeias. O francês explicou sua estratégia ao dissolver a Assembleia Nacional e convocar uma nova votação: na avaliação de Macron, o povo francês não vota da mesma forma para escolher seus representantes na Europa e seus parlamentares nacionais.

Segundo Macron, mesmo no pior cenário - a da vitória da extrema direita nas eleições no final de junho - seu cálculo é que seria melhor que isso ocorra no Legislativo que em 2027, quando a França passa por uma eleição presidencial. A visão exposta por Macron, porém, é considerada como sendo de "alto risco".

Com a líder da extrema direita italiana, Lula trata só de negócios

Lula, porém, não tocou no assunto da possível conferência com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Líder de um partido de extrema direita e uma das vencedoras da eleição, a italiana foi a anfitriã do G7.

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Lula, porém, tocou apenas em temas comerciais e de investimentos com Meloni, evitando os temas polêmicos e as diferenças.

Durante a viagem pela Europa, Lula citou o risco que a democracia corre em vários momentos e discursos.

"O mundo democrático sempre foi assim. Tem uma hora que os setores da esquerda ganham as eleições. Outra hora, ganha o setor mais conservador. Agora, algo que cresceu muito foi a extrema direita. Que não é nem a direita e nem a esquerda, que está ocupando o espaço", disse Lula.

"Eu tenho dito para todos: temos um problema de risco da democracia tal como nós a conhecemos", afirmou o presidente.

Lula também criticou os ataques de populistas às instituições. "O negacionista nega as instituições, nega o que é o Parlamento, o que é a Suprema Corte, o Judiciário, nega o que é o próprio Congresso. São pessoas que vivem na base da construção de mentiras", acusou.

"E sabe qual a desgraça da primeira mentira? A de passar o resto da vida mentindo para justificar. As pessoas que aprendem a fazer política mentindo passam o resto da vida mentindo, pois não podem desmentir o que falou", afirmou.

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Para Lula, essa situação "é um perigo, mas é um alerta também". "As pessoas que têm sentido e respeito pela democracia tem de brigar para que a democracia prevaleça, na Europa, na América do Sul, na Ásia", afirmou.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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