Jamil Chade

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Reportagem

Brasil terá 220 milhões de pessoas em 2040 e depois inicia queda, diz ONU

A população brasileira vai continuar a se expandir até o início da década de 2040. Mas, depois de atingir um pico de 220 milhões de habitantes, o país sofrerá uma contração.

O Brasil terminará o século 21 com menos gente do que atualmente e perderá lugar no ranking das maiores populações do mundo, segundo a ONU. Os dados foram publicados nesta quinta-feira e revelam que o Brasil, que hoje é a sétima maior população do mundo, perderá esse status.

Segundo o informe, a população mundial continuará a crescer nos próximos 50 ou 60 anos, atingindo um pico de cerca de 10,3 bilhões de pessoas em meados da década de 2080, em comparação com 8,2 bilhões em 2024.

"Após atingir o pico, a população global deverá começar a diminuir gradualmente, caindo para 10,2 bilhões de pessoas até o final do século", afirma a ONU. Espera-se agora que o tamanho da população mundial em 2100 seja 6% menor — ou cerca de 700 milhões de pessoas a menos — do que o previsto há uma década.

Índia e China continuarão a ser os países mais populosos do mundo ao longo do século. Na terceira posição hoje, os EUA irão ceder lugar para Paquistão, Nigéria e República Democrática do Congo até o final do século.

"A ocorrência antecipada de um pico no tamanho projetado da população global se deve a vários fatores, incluindo níveis mais baixos do que o esperado de natalidade do que o esperado nos últimos anos em alguns dos maiores países do mundo, especialmente na China", diz o informe. Hoje, uma em cada quatro pessoas no mundo vive em um país cuja população já atingiu o pico de tamanho.

Brasil terá 163 milhões de pessoas em 2100, menos que hoje

O caso da população brasileira é explicado em detalhes pela ONU. "A população do Brasil, o maior país do grupo e o sétimo maior país do mundo em 2024, provavelmente atingirá seu pico no início da década de 2040, com cerca de 220 milhões de pessoas. Depois disso, a população do Brasil deverá começar a diminuir, caindo para 163 milhões em 2100", afirmou o informe sobre as projeções demográficas no mundo.

Segundo a ONU, no final do século 21, a população do Brasil deverá ser 26% menor do que em seu pico e 23% menor do que em 2024. As chances desse prognóstico ser confirmado é de 92%.

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"Devido a esse declínio e ao rápido crescimento populacional de outros países, é provável que o Brasil veja sua posição no ranking dos países mais populosos do mundo cair até 2100", admite a ONU.

De acordo com as projeções, o Brasil cairá da sétima posição atual para a décima colocação em 2054, superado por Bangladesh, Etiópia e República Democrática do Congo.

Em 2100, o Brasil cairá para a 12ª posição no ranking mundial.

O Brasil está num grupo de 48 países que, representando 10% da população mundial em 2024, atingirão o pico de população entre 2025 e 2054. "Esse grupo, que se encontra no estágio final da transição demográfica e é referido aqui como tendo seu pico entre 2025 e 2054, inclui o Brasil, Irã e o Vietnã", explica a ONU.

"Embora os países com populações que já atingiram o pico estejam predominantemente na Europa, o maior número de países e áreas entre aqueles que provavelmente atingirão o pico nos próximos 30 anos está na América Latina e no Caribe — 19 países, ou 40% do número total", explica.

"Todos os países desse grupo estão nos últimos estágios da transição demográfica, quando a fertilidade cai abaixo do nível de reposição e o crescimento populacional desacelera à medida que a população se aproxima de seu tamanho máximo", argumenta a projeção.

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No Brasil, crescimento da população idosa

Segundo o informe, em um período de apenas 30 anos, os países desse grupo terão de equilibrar as demandas imediatas de uma população que ainda está crescendo com a necessidade de se preparar para uma população mais velha e que provavelmente será menor do que a atual.

"Nos países em que o tamanho da população está projetado para atingir o pico nos próximos 30 anos, o cruzamento entre o número de crianças menores de 18 anos e pessoas com 65 anos ou mais provavelmente ocorrerá em meados da década de 2040", indicou.

"O número de pessoas com 65 anos ou mais nesse grupo provavelmente dobrará entre 2024 e 2054", estimou.

Naquela época, o grupo de países provavelmente contará com 203 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, o que representa 23% de sua população total. Entre 2054 e 2100, espera-se que o número de pessoas com 65 anos ou mais cresça em mais 13%. A parcela de pessoas com idade mais avançada aumentará 42% e chegará a um terço da população total em 2100.

É provável que mais de um terço da população de 26 países desse grupo tenha 65 anos ou mais em 2100. Entre eles estão Brasil, Chile, Colômbia, Tunísia, Turquia e Cingapura.

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Segundo a projeção, à medida que os países olham para um futuro com números e proporções de idosos em rápido crescimento, eles devem considerar medidas para fortalecer seus sistemas de saúde e de cuidados de longo prazo, promover a educação continuada, expandir as oportunidades para aqueles que desejam continuar trabalhando, combater o preconceito contra a idade, investir e explorar novos setores que atendam a esse grupo populacional em crescimento e melhorar a sustentabilidade e a equidade de seus sistemas de proteção social

Um novo mapa mundi

Em 63 países, o tamanho de sua população atingiu o pico antes de 2024. Esse grupo inclui a China, a Alemanha, o Japão e a Federação Russa.

Projeta-se que o número de pessoas que vivem nesses locais diminua em 14% nos próximos trinta anos. Albânia, Bósnia e Herzegovina, Lituânia, Porto Rico e República da Moldávia devem registrar as maiores reduções relativas até 2054.

Em 126 países, é provável que a população continue crescendo até 2054. Eles podem atingir um pico no final do século ou depois de 2100. Esse grupo inclui vários dos países mais populosos do mundo: Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão e Estados Unidos da América.

A projeção é que o número de pessoas que vivem nesses locais aumente 38% até 2054. Em nove desses países e áreas, incluindo Angola, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Níger e Somália, o crescimento populacional provavelmente será muito rápido, com as populações dobrando entre 2024 e 2054.

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Mulheres com um filho a menos

De acordo com o informe, em todo o mundo, as mulheres estão tendo um filho a menos, em média, do que tinham por volta de 1990.

"Em mais da metade de todos os países, o número médio de nascidos vivos por mulher está abaixo de 2,1 — o nível necessário para que uma população mantenha um tamanho constante a longo prazo sem migração", disse. Quase um quinto de todos os países, incluindo China, Itália, República da Coreia e Espanha, agora têm fertilidade "ultrabaixa", com menos de 1,4 nascidos vivos por mulher ao longo da vida.

Gravidez precoce ainda preocupa

Apesar da queda de taxa de natalidade, a gravidez precoce continua sendo um desafio, principalmente em países de baixa renda.

Em 2024, 4,7 milhões de bebês, ou cerca de 3,5% do total mundial, nasceram de mães com menos de 18 anos.

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Desses, cerca de 340 mil nasceram de crianças com menos de 15 anos, com graves consequências para a saúde e o bem-estar das jovens mães e de seus filhos.

O relatório conclui que investir na educação dos jovens, especialmente das meninas, e aumentar a idade do casamento e da primeira gravidez nos países em que esses fenômenos ocorrem precocemente terá resultados positivos para a saúde das mulheres, o nível de escolaridade e a participação na força de trabalho.

Expectativa de vida volta a subir

Nas últimas três décadas, as taxas de mortalidade diminuíram e a expectativa de vida aumentou significativamente. Depois de um breve declínio durante a pandemia da COVID-19, a expectativa de vida global ao nascer está aumentando novamente, chegando a 73,3 anos em 2024, acima dos 70,9 anos durante a pandemia. No final da década de 2050, mais da metade de todas as mortes globais ocorrerá aos 80 anos ou mais, um aumento substancial em relação aos 17% de 1995.

Mais idosos que crianças

No final da década de 2070, o número de pessoas com 65 anos ou mais deverá ultrapassar o número de crianças (menores de 18 anos) enquanto o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá ser maior do que o número de bebês (menores de 1 ano) já em meados da década de 2030.

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Sinal de esperança

"O cenário demográfico evoluiu muito nos últimos anos", disse Li Junhua, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais. "Em alguns países, a taxa de natalidade está agora ainda mais baixa do que o previsto anteriormente, e também estamos observando declínios um pouco mais rápidos em algumas regiões de alta fertilidade", disse.

"O pico mais cedo e mais baixo é um sinal de esperança. Isso pode significar uma redução das pressões ambientais decorrentes dos impactos humanos devido ao menor consumo agregado. No entanto, um crescimento populacional mais lento não eliminará a necessidade de reduzir o impacto médio atribuível às atividades de cada pessoa", alertou.

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