Jamil Chade

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Reportagem

Ataque de Irã a Israel é tido como iminente; EUA costuram defesa de aliado

O governo do Irã afirmou na manhã de hoje (5) que tem o "direito" de retaliar Israel como parte de uma lógica de autodefesa. Teerã disse que não quer a desestabilização da região e nem a eclosão de uma guerra, mas alerta que a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em seu próprio território na semana passada não pode ficar sem uma resposta.

Enquanto isso, o Hezbollah voltou a lançar mísseis sobre cidades israelenses, nesta segunda-feira.

Do lado americano, a perspectiva é de que a retaliação seja "iminente". Numa conversa com ministros do G7, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou que o governo dos EUA estima que o ataque poderia vir num intervalo de 24 a 48 horas, porém alertou que não se sabe de que maneira isso vai ocorrer.

O risco é de que a ofensiva ocorra de forma "múltipla", envolvendo Hezbollah, Hamas e o próprio Irã.

O governo americano enviou para a região um porta-aviões e iniciou, nos bastidores, uma corrida para tentar recriar a aliança estabelecida em abril e que conseguiu interceptar os mísseis disparados pelo Irã contra Israel. Isso envolveu sauditas, jordanianos, iraquianos e potências europeias.

O assassinato do líder do Hamas

Haniyeh foi morto em sua residência em Teerã, depois de participar da posse do novo presidente iraniano. Imediatamente o Hamas e as autoridades no Irã anunciaram que uma "vingança" seria preparada.

No domingo (4), a diplomacia da Jordânia esteve em Teerã, na esperança de convencer os iranianos a não retaliar. Outros governos da região também tentaram obter um compromisso por parte do Irã. Mas a resposta foi taxativa: a morte do líder do Hamas foi "um grande erro" de Israel.

Na ofensiva diplomática, Blinken ainda conversou com o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, e pediu que "medidas para acalmar as tensões regionais, evitar uma nova escalada e promover a estabilidade". Mas Al-Sudani disse a Blinken que a prevenção da escalada regional estava ligada ao fim da "agressão" israelense em Gaza.

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Nesta segunda-feira, o presidente Joe Biden ainda terá uma reunião em Washington com sua equipe de segurança e militares para debater a situação na região e possíveis respostas iranianas.

Durante a reunião, o secretário de Defesa de Israel, Yoav Gallant, ainda se reuniu com seu homólogo americano, Lloyd Austin para preparar a resposta conjunta ao ataque.

Gallant informou Austin sobre os "desenvolvimentos de segurança na região e a prontidão para defender Israel contra possíveis ameaças representadas pelo Irã e seus representantes".

Numa nota, o governo de Israel explicou que "Gallant discutiu uma série de cenários e as capacidades defensivas e ofensivas correspondentes" e 'expressou seu apreço ao secretário Austin pela estreita coordenação militar e estratégica entre Israel e os Estados Unidos, incluindo a implantação atual e futura das capacidades militares dos EUA e as mudanças na postura da força em defesa de Israel'.

Gallant também enfatizou a importância da "liderança dos EUA na formação de uma coalizão de aliados e parceiros para defender Israel e a região de uma série de ataques aéreos".

ONU preocupada e tensão entre civis

A perspectiva de uma crise maior levou a ONU a lançar um alerta. "Estou profundamente preocupado com o risco crescente de um conflito mais amplo no Oriente Médio e peço a todas as partes, juntamente com os Estados com influência, que ajam com urgência para diminuir a escalada do que se tornou uma situação muito precária", disse Volker Turk, alto comissário da ONU para Direitos Humanos.

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"Os direitos humanos - em primeiro lugar e acima de tudo, a proteção dos civis - devem ser a prioridade máxima", pediu, na manhã desta segunda-feira.

"Nos últimos 10 meses, os civis - em sua maioria mulheres e crianças - já passaram por dores e sofrimentos insuportáveis em decorrência das bombas e armas. Tudo, e eu quero dizer tudo, deve ser feito para evitar que essa situação se transforme em um abismo que só terá consequências ainda mais terríveis para os civis", completou.

Tanto no Líbano quanto em Israel, o clima é de tensão. O governo da França recomendou que seus nacionais deixem o território libanês, enquanto o Itamaraty recomendou que os brasileiros evitem o país ou busquem formas de sair.

Em Israel, o governo começou a alertar certas indústrias sobre o impacto de um ataque, enquanto companhias aéreas passaram a cancelar voos.

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