Jamil Chade

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Maduro rebate cobranças de Lula: 'Não praticamos diplomacia do microfone'

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou a proposta de Brasil e Colômbia sobre um processo de transição política em Caracas, com uma eventual convocação de uma nova eleição e a formação de um governo de coalizão.

Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que não reconhecerá a vitória de Maduro, enquanto as atas da eleição de 28 de julho não sejam publicadas. O brasileiro ainda elevou o tom contra o regime de Caracas, apontando que o venezuelano deve "explicações".

Em resposta, Maduro lembrou que o governo Bolsonaro, "aliado à extrema direita fascista da Venezuela, também gritou fraude e não aceitou a derrota", nas eleições de 2022.

"Foi o tribunal do Brasil que decidiu. E ninguém saiu do governo da Venezuela ou do mundo a pedir nada. Decidiu o tribunal? Santa palavra do tribunal do Brasil", disse. "É um assunto do Brasil", insistiu.

Maduro ainda mencionou os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. "Da parte da Venezuela, condenamos a violência do fascismo", disse. E mandou um recado:

Não praticamos jamais a diplomacia do microfone.

Maduro vem tentando uma ligação telefônica com Lula há duas semanas, mas o Palácio do Planalto tem evitado a conversa entre os dois. O ditador venezuelano deixou claro sua insatisfação ao ver as declarações do brasileiro sobre seu país, por meio da imprensa.

Proposta da Colômbia

O presidente colombiano, Gustavo Petro, apresentou nas redes sociais o que ele acredita ser o caminho para a Venezuela, incluindo o fim das sanções, a anistia a todos os atores políticos, um governo de transição e eleições.

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Maduro também não deu qualquer espaço para considerar a proposta de Petro. "As relações vão bem com Petro, mas eu jamais praticaria a diplomacia do microfone", insistiu. "Eu sou o fiador do processo de paz [na Colômbia] e jamais vou dar opiniões sobre como eles devem superar a guerra, que está cada vez pior", disse.

Nunca vou dizer que a Colômbia deve fazer isso ou aquilo e ainda apresentar nas minhas redes sociais um conselho. Cada presidente, cada Estado sabe o que deve fazer com seus assuntos internos.

O ditador venezuelano garantiu que continuará a ajudar a Colômbia em seu plano de paz. "Mas sem intervir nos assuntos internos", disse.

Ataques contra Biden

Maduro alertou que, no caso dos EUA, sua avaliação era diferente. Joe Biden havia respondido de forma positiva quando jornalistas perguntaram se ele era favorável a uma nova eleição na Venezuela. Horas depois, a Casa Branca desmentiu o presidente, indicando que ele havia entendido outra coisa na pergunta.

"Biden forma parte da diplomacia intervencionista. Hoje, deixou o mundo atônito ao desmentirem o presidente", disse Maduro. "Biden declarou, de forma intervencionista, sobre os assuntos internos da Venezuela", afirmou.

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Só compete aos venezuelanos isso. E depois ele é desmentido. Afinal, quem manda nos EUA? Quem conduz a política externa?

"Rechaço que o governo americano seja a autoridade eleitoral da Venezuela ou de qualquer lugar do mundo", insistiu.

Maduro ainda destacou o que chamou de "tremendo problema interno" com a eleição americana. "Quem manda na Venezuela são os venezuelanos. Simples assim", completou.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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