Na Rússia, Amorim manda recado a Musk: 'Nossa soberania não está à venda'
Numa reunião do Brics organizada pelo governo de Vladimir Putin, o assessor especial da presidência do governo Lula (PT), Celso Amorim, mandou um recado indireto ao bilionário Elon Musk.
"Nenhuma empresa ou indivíduo deve pensar que está acima da lei só porque está conduzindo seus negócios internacionalmente pela Internet", afirmou, em um encontro que contou com China, Irã, África do Sul e os demais membros do bloco.
"Nossa soberania não está à venda", disse Amorim, sem mencionar diretamente o nome de Musk.
"A liberdade de expressão, que respeitamos totalmente, não pode ser usada indevidamente como licença para agressão contra nossas instituições democráticas", afirmou.
"Precisamos promover um espaço cibernético que seja aberto, seguro, estável, acessível e pacífico. Temos que trabalhar para diminuir as lacunas digitais, superar a desigualdade e promover o desenvolvimento sustentável", defendeu.
Amorim ainda afirmou que "mais cooperação é essencial para garantir que a Inteligência Artificial cumpra sua promessa de aprimorar o progresso humano". Mas alertou para o risco de que ela esteja apenas nas mãos de poucos países.
"Devemos estar alertas para que a IA não seja controlada por apenas alguns centros de poder", disse.
"Tampouco desejamos que a IA substitua os seres humanos nas decisões sobre o uso de força letal. As implicações morais e éticas são graves e merecem nossa atenção", afirmou.
Brics sem nova expansão
Amorim destacou a presença dos novos membros do BRICS: Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. "Estou certo de que sua presença fortalecerá nosso grupo e ampliará nossas vozes em questões-chave da agenda internacional", disse.
"Quando criamos o BRICS, talvez não tenhamos compreendido totalmente a importância que esse grupo adquiriria", admitiu. "Hoje, somos um fator indispensável nos assuntos mundiais, com um inegável poder de atração", afirmou.
O brasileiro, porém, sinalizou que não deve haver uma nova expansão.
"Acreditamos que o BRICS, em seu formato atual, tem um número razoável de membros", disse.
"Acreditamos que, ao propor novos membros, os países devem ter em mente e respeitar as realidades regionais", insistiu.
Segundo ele, o BRICS "deve contribuir para um cenário internacional mais equilibrado, em que a cooperação prevaleça sobre as disputas geopolíticas".
"A multipolaridade tem sido um conceito central para a política externa do Brasil, pois meu país rejeita qualquer forma de alinhamento automático", insistiu.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberEle ainda defendeu que o Brics deva se "aprofundar na questão da crescente complexidade do extremismo e nas maneiras pelas quais ele afeta a segurança de nossas sociedades e a estabilidade de nossas instituições".
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