Ausente de fala na ONU, Venezuela é tema de reuniões fechadas de Lula em NY
A crise política e a repressão na Venezuela entram na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de o brasileiro ter optado por deixar de fora de seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Nesta terça-feira (24), a situação de Nicolás Maduro esteve sobre a mesa da conversa entre os presidentes Emmanuel Macron e Lula.
O francês pediu que Lula fizesse uma avaliação da situação em Caracas e sobre quais poderiam ser os próximos passos no país.
O Brasil insiste sobre a necessidade de que os esforços sejam mantidos para encontrar um espaço para o diálogo com o governo Maduro e com a oposição, mesmo com o exílio do candidato da oposição, Edmundo González, e o aumento da repressão denunciada pela ONU.
Macron, de seu lado, admitiu a surpresa diante da decisão do opositor de deixar a Venezuela e sinalizou que a Europa está trabalhando para tentar entender como lidar com esse novo cenário.
O tema voltará ao centro das discussões nesta quarta-feira, quando Lula se reúne com Gustavo Petro, presidente da Colômbia. O encontro ocorre na ONU e o objetivo é o de explorar caminhos na esperança de convencer a oposição e o governo a restabelecer um diálogo.
A crise na Venezuela, porém, ficou de fora do discurso de Lula no púlpito da ONU. Fontes em Brasília confirmaram ao UOL que, em versões preliminares, o tema havia sido incluído. Mas houve uma decisão política de não fazer referência ao impasse em Caracas.
Momentos depois, o presidente americano Joe Biden criticou Nicolás Maduro ao subir ao palco após o brasileiro.
Para uma ala dentro do Itamaraty, a Venezuela foi "a grande ausente do discurso". Em versões anteriores da fala de Lula, a crise no país era citada, mas sem uma condenação ao presidente Maduro. A orientação era para que não houvesse, no discurso, nada que justificasse uma ruptura da possibilidade de diálogo.
EUA e Argentina fazem evento anti-Maduro
A crise em Caracas ainda fará parte de um outro evento na ONU, organizado pelos EUA e Argentina. A ideia é a de chamar membros da oposição para denunciar a situação de direitos humanos no país.
O Brasil, porém, não aceitou o convite para participar e julgou que a iniciativa poderia minar suas possibilidades de manter canais abertos com o governo Maduro para buscar soluções para a crise.
Em seu primeiro discurso na ONU, o presidente da Argentina, Javier Milei, usou justamente o caso de Maduro para criticar a organização. "Nesta casa, que afirma defender os direitos humanos, foi permitido entrar no Conselho de Direitos Humanos, as ditaduras sangrentas como Cuba e Venezuela", disse. Ambos foram eleitos pelos governos que fazem parte da Assembleia Geral.
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