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José Roberto de Toledo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Marielle Franco foi morta por atrapalhar os planos de expansão da milícia

Colunista do UOL

14/03/2023 20h22Atualizada em 15/03/2023 05h26

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Cinco anos após os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, os mandantes do crime e também a motivação ainda não foram elucidados pelas autoridades, apesar das prisões dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, apontados como autores dos dois homicídios.

Para o colunista do UOL José Roberto de Toledo, a motivação para o crime teria sido o fato de Marielle ter atrapalhado os planos de expansão da milícia no Rio de Janeiro.

Ela foi, ao que tudo indica hoje, assassinada porque atrapalhou os planos de controle territorial da milícia, não só na Zona Oeste, mas cogita-se até no próprio Complexo da Maré. A ação dela teria dificultado a penetração da milícia nesse território."
José Roberto de Toledo

Durante o programa Análise da Notícia, Toledo afirmou que Marielle "pisou no calo da milícia de Rio das Pedras" ao se opor à regularização de alguns loteamentos clandestinos na região.

O colunista do UOL ainda destacou que o ex-capitão do Bope Adriano Nóbrega, morto em 2020 na Bahia, era conhecido como o assassino de aluguel da milícia de Rio das Pedras e tinha vínculos com Fabricio Queiroz e também com a família Bolsonaro.

Jogo político no RJ. Toledo também afirmou durante o programa que a ação de Marielle, além de atrapalhar os planos de expansão da milícia, também esbarrou no jogo político do Rio de Janeiro. "A milícia, com esse controle territorial, tem muita influência eleitoral. Ela controla muitos votos e para políticos que pensam em reeleição, é muito complicado comprar uma briga com a milícia porque ela pode atrapalhar a sua eleição", afirmou.

Federalização da investigação. Após disputas entre o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil pelo controle das investigações, o caso foi federalizado com a abertura de um inquérito pela Polícia Federal a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino. Toledo destacou que anteriormente a família de Marielle era contra a federalização pelo fato de a Polícia Federal ser subordinada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e existirem indícios de ligação entre a família Bolsonaro e milicianos, como o próprio Ronnie Lessa.

Dados do Google podem auxiliar investigações. Desde 2020 investigadores e o Google travam uma batalha na Justiça para que seja liberado o acesso aos dados das pessoas que estavam próximas ao local onde Marielle foi assassinada. Depois de o Google perder a disputa no STJ (Superior Tribunal de Justiça), a decisão da liberação ou não dos dados agora está nas mãos do STF (Superior Tribunal Federal). "A ideia da investigação é mostrar todo mundo que estava na região e fazer um cruzamento de dados para saber se alguma dessas pessoas tem conexão com os assassinos para chegar mais perto dos mandantes", disse Toledo.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: