Quem mandou matar Marielle? O que a investigação não respondeu em 5 anos
Os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam cinco anos hoje. As investigações culminaram nas prisões dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, apontados como autores dos dois homicídios —Lessa teria atirado nas vítimas, e Élcio dirigia o carro que emparelhou com o da vereadora.
Entretanto, não há sinalização sobre quem arquitetou o crime. Veja abaixo uma lista de perguntas ainda sem respostas:
Quem mandou matar Marielle?
A principal questão não foi respondida. O primeiro inquérito, que concluiu a participação de Lessa e Queiroz, não conseguiu definir se eles agiram sozinhos ou a mando de alguém.
Outro inquérito foi aberto, mas desde 2019 não há novidades sobre os mandantes.
Por que Marielle foi assassinada?
Sem informações sobre os possíveis mandantes, as autoridades do Rio de Janeiro não conseguiram chegar à motivação do crime.
Ganhou força o rumor de que o crime poderia ter sido uma ação de milicianos ou bicheiros. Isso ocorreu pela proximidade de Lessa com alguns integrantes desses grupos, mas a suspeita não se concretizou.
Assessores e familiares não descartam a versão, mas em depoimentos afirmaram que Marielle não tinha nenhuma ação direta, como vereadora, contra negócios e ações da milícia.
Por que os acusados ainda não foram julgados?
Ao longo dos anos, Lessa e Queiroz entraram com recursos para impedir o júri popular, além de pedidos de habeas corpus que atrasaram a definição da data do julgamento.
A última e principal etapa do processo —o júri popular— acontecerá em data ainda a ser definida pela Justiça do Rio.
Por que as famílias não têm acesso ao processo?
Por determinação da Justiça do Rio, os advogados e as famílias de Marielle e Anderson não têm acesso aos autos do processo, diferentemente da maioria das investigações sobre homicídio.
Na última semana, o site Metrópoles divulgou que o ministro do STJ Rogério Schietti pretende pautar em abril o julgamento que poderá mudar essa situação.
A troca de investigadores prejudica o caso?
Nos últimos cinco anos, o Caso Marielle já foi comandado por cinco delegados diferentes e três grupos de promotores.
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) afirma que não há impacto nas investigações, mas desde que começaram as mudanças não houve avanço significativo nessas questões que seguem sem respostas.
Quando toda a força-tarefa do MP-RJ para o caso pediu exoneração em janeiro de 2023, a família da vereadora apontou que via prejuízo para as investigações, já que a nova equipe precisaria de "tempo para estar a par da totalidade dos autos".
No início de março, mais de um mês depois da saída dos antigos promotores, foi definida a nova equipe responsável pelas investigações no Ministério Público.
Em fevereiro, por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a Polícia Federal abriu um inquérito próprio para auxiliar no caso. O órgão federal atuará de forma exclusiva no caso, contando com o auxílio do MP-RJ, que detém as informações apuradas sobre o crime pela Polícia Civil do Rio.
Como a PF pode ajudar no caso?
A avaliação dentro da PF é que haverá um novo braço para se dedicar a solucionar o crime.
Integrantes do MP-RJ disseram ao UOL que é necessário verificar como se dará essa colaboração na prática, uma vez que o titular da investigação não mudou. Só ocorreria alguma alteração se o caso fosse federalizado, mas não foi essa a decisão.
Eles afirmam que um reforço nas investigações é bem-vindo, mas ressaltam que não houve qualquer tipo de problema que causasse prejuízo à investigação. Temem que a entrada da PF na investigação possa ser apenas uma resposta política. Anielle Franco, irmã de Marielle, é ministra do governo Lula (PT) e comanda a pasta da Igualdade Racial.
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