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José Roberto de Toledo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Confiança e interesse por notícias caem no Brasil e no mundo

Colunista do UOL

15/06/2023 06h00

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Uma pesquisa feita pelo Instituto Reuters em 46 países apontou que 36% dos entrevistados evitam se informar. No Brasil, a taxa é um pouco maior, de 41%, e para o colunista do UOL José Roberto de Toledo, os números representam um risco à própria democracia.

Durante o programa Análise da Notícia, Toledo destacou que apesar da desconfiança pelas notícias no Brasil, o cenário já foi pior. No último ano, durante a disputa das eleições presidenciais entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o número de pessoas que evitaram notícias era de 54%.

Confiança e interesse por notícias caem no Brasil e no mundo

Tendência global e risco à democracia. O aumento do desinteresse e busca por informações é uma tendência global e a democracia depende de a população estar informada. Dessa forma, os números mostrados pela pesquisa revelam um desafio social.

É um problema para a sociedade como um todo, porque não existe democracia sem imprensa e não existe democracia sem informação. Por mais deficiente que a imprensa seja, ela deveria criar um campo comum de discussão e debate.
José Roberto de Toledo

Sites de notícias em queda. A pesquisa apontou que, na média dos 46 países pesquisados, a proporção das pessoas que usam websites para se informar caiu de 32% em 2018 para apenas 22% em 2023, em uma tendência constante de queda.

Polarização política prejudica a credibilidade da imprensa. A audiência registra queda porque ambos os lados polarizados criticam a imprensa, o que cria ambiente desfavorável para as notícias e para a credibilidade dos veículos tradicionais de comunicação.

Mudança geracional e tecnológica. A pesquisa mostrou ainda que as novas gerações buscam informações em outras plataformas e, prova disso, é que a plataforma que mais cresce no mundo como fonte de notícia é o TikTok.

Período de exceção no Brasil. A pandemia foi um ponto fora dessa curva. As pessoas sentiram necessidade de buscarem informações confiáveis porque a vida delas dependia disso, então precisavam ter acesso às notícias para enfrentarem o problema que se apresentou em todo o mundo.

Busca por notícias também cai nas redes sociais. O Facebook, por exemplo, hoje está atrás até mesmo do Instagram neste quesito. A rede, que já foi uma importante ferramenta na busca por informações, hoje é o canal de informação de apenas 28% dos entrevistados — esse número chegou a ser de 42% em 2016.

Mecanismos de buscas se tornaram mais importantes. O Google e outras plataformas de busca representam 25% da preferência dos leitores entrevistados quanto à hora de querer consumir notícias. Sites de jornalismo já ficam atrás, sendo a principal fonte de apenas 22% das pessoas.

Confiança em xeque. No Brasil, 62% confiavam na imprensa em 2016, contra 43% em 2023. Quanto menor esse índice, menor o consenso sobre o que realmente é fato — e o cenário de ausência de notícias é ideal para criar instabilidades políticas e ameaças à democracia.

Na palma da mão. A principal fonte de informação no Brasil é online, prioridade para 79% dos entrevistados sobre a busca por notícias. Na sequência está a TV com 51%, e o jornal impresso, outrora tão poderoso, com 12%.

Whatsapp lidera nas mídias sociais. A rede de troca de mensagens é a principal fonte de informação por mídias sociais para 43% dos brasileiros entrevistados. Na sequência aparecem YouTube (41%), Instagram (39%), Facebook (35%), Twitter (14%) e TikTok (14%).

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: