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Reportagem

Educação em São Paulo cai ao pior nível desde 2014 entre adolescentes

Em 2023, o ensino nas escolas públicas estaduais do estado de São Paulo piorou entre os alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental. A queda coincide com o primeiro ano da gestão do governador Tarcísio de Freitas. É o pior resultado em oito anos de avaliação: 2,88 numa escala de 0 a 10. O índice havia sido de 3,18 em 2022. Sofreu queda de quase 10% em apenas um ano.

O Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) é uma síntese do desempenho dos alunos nas provas de português e matemática (Saresp) e das taxas de aprovação ao final de cada ano letivo.

Os dados brutos de 2023 foram disponibilizados no início do mês sem comunicados à imprensa nem divulgação no site principal da Secretaria da Educação. Depois de devidamente tabulados e analisados pela reportagem, eles mostram que na etapa final do ensino fundamental, o desempenho dos alunos em 2023 foi pior do que em todos os anos anteriores desde 2014 - ou seja, pior até do que durante a pandemia de covid.

Já o desempenho dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (primeiro ao quinto ano) melhorou em 2023, mas o resultado (4,67) ainda está longe do que era antes da pandemia (5,64 em 2019).

Gráfico mostra que a rede de ensino estadual em SP teve pior desempenho desde 2014
Gráfico mostra que a rede de ensino estadual em SP teve pior desempenho desde 2014 Imagem: Reprodução

O Idesp é um indicador que avalia qualidade das escolas no estado, e considera dois critérios: o desempenho dos alunos nos exames de proficiência do Saresp (quanto os alunos aprenderam em língua portuguesa e matemática) e o fluxo escolar (taxa de alunos matriculados que foram aprovados no final do ano). Com as duas dimensões calcula-se um valor de 0 a 10.

A queda nos anos finais do ensino fundamental em 2023 foi geral:

Houve queda no desempenho de praticamente todas as 91 diretorias de ensino para os anos finais, com exceção de Itapeva, que registrou aumento de 1,19%;

Em quase um terço das diretorias de ensino (28) a queda foi superior a 10%;

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A diretoria de ensino Sul 3, que abrange escolas no extremo sul da cidade de São Paulo, teve uma queda de 19%: caiu de 2,89 em 2022 para 2,34 em 2023, abaixo do índice do Estado;

Apesar do avanço nos anos iniciais do ensino fundamental na média do estado, houve queda no desempenho em 11 diretorias de ensino; Mogi das Cruzes registrou a maior queda: 9,1%.

Desempenho dos estudantes

A queda no índice pode ser explicada, em parte, pela queda no desempenho dos estudantes, tanto em matemática quanto em língua portuguesa, em 2023.

A maior queda foi em língua portuguesa nos anos finais, de 244 pontos em 2022 para 234 pontos em 2023, queda de 4%. Em matemática, caiu de 249 para 246 nesta mesma etapa, redução de 1%.

As desigualdades regionais são visíveis se analisadas as médias de proficiência nessas disciplinas por diretoria de ensino. A diretoria de ensino Sul 1, que tem a menor média em língua portuguesa, teve uma queda de 5,5% em relação ao ano passado, mais do que a média do estado.

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Em língua portuguesa, só 20% dos estudantes atingiram um nível de aprendizado considerado adequado. Em matemática este valor foi de 11%. O restante ficou em um nível considerado básico ou abaixo do básico.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou que realizado mudanças importantes para melhorar o processo de aprendizagem em todos os ciclos de ensino da rede (veja a íntegra abaixo).

"Os passos mais efetivos neste sentido começaram a ser dados no segundo semestre do ano passado, com a adoção do material digital, a introdução de plataformas, formação de professores e a melhoria na infraestrutura da rede. Essas medidas representam o início de um processo de transformação.

Para esse ano, as mudanças nos anos finais do Ensino Fundamental têm como principal objetivo a recuperação da defasagem educacional, diagnosticada no ano passado na rede e confirmada pelos números do Saresp. Para isso, a Secretaria implantou uma nova disciplina, de orientação de estudos.

Os resultados do Saresp foram amplamente divulgados para a rede em 3 de maio e estão disponíveis para acesso no portal da secretaria. Pela primeira vez na história, o Saresp de 2023 avaliou todas as turmas de anos finais do Ensino Fundamental -- do 6º ao 9º ano -- e todas as três séries do Ensino Médio. Essas últimas no processo inédito do Provão Paulista Seriado.

Outra novidade é que a Seduc-SP agora avalia, além de língua portuguesa e matemática, todos os componentes do currículo para as duas últimas etapas da educação básica, incluindo história, geografia, língua inglesa, ciências, biologia, sociologia, filosofia, química e física.

Os resultados gerais do Saresp de 2023 apontam que o 5º ano do Ensino Fundamental chegou às melhores notas em língua portuguesa e matemática na comparação entre os anos de 2021, 2022 e 2023 — em 2020, não houve prova em razão da pandemia de Covid.

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Enquanto a média apresentada em língua portuguesa no 5º ano com base na série histórica foi de 200,7 (ante 197,0 em 2022 e 198,3 em 2021) a de matemática foi de 215,3 (ante 211,3 em 2022 e 210,4 em 2021).

No 2º ano do Ensino Fundamental, os estudantes tiveram avanço no desempenho em língua portuguesa, com uma média de 174,7 (ante 169,4 em 2022 e 160,8 em 2021). Em matemática, a nota baixou em relação ao ano anterior: de 175,2 para 167,2.

A partir da mudança na forma de aplicar o Saresp — com expansão para a quase totalidade de disciplinas do currículo, a pasta poderá acompanhar se haverá mudanças nos resultados para os próximos anos no 9º ano do Ensino Fundamental. Em 2023, a nota de língua portuguesa foi de 234,4 e a de matemática, 246,3. Em 2022, as notas foram 244,2 e 248,6, respectivamente e, em 2021, 241,4 e 246,8 em língua portuguesa e matemática.

Para facilitar o acesso às notas do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp-SP) de 2023 e às metas de cada escola para a prova de 2024, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) anunciou um novo formato de boletim. A partir deste ano, o modelo inédito passa a apresentar os resultados por escola e por disciplina. A proposta é que as escolas visualizem com mais clareza, em notas de 0 a 10, o desempenho geral da unidade de ensino.

Outra novidade é que as escolas serão ranqueadas em dois critérios. O primeiro deles, no grupo de escolas com os mesmos perfis de complexidade, vulnerabilidade e modalidade de ensino — se a escola oferece aulas em tempo parcial ou integral. A segunda classificação é no âmbito da diretoria regional de ensino, sem considerar o perfil da unidade. Ambos os rankings vão de 0 a 100%, onde 100% é o melhor ranking possível".

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Veja abaixo o programa na íntegra:

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