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Opinião

Marçal descarta marqueteiros e Bolsonaros e faz a festa de advogados

Pablo Marçal não tem marqueteiro. Não precisa. Prefere gastar, e muito, com engajamento em suas publicações nas redes antissociais do que investir em propaganda de rádio e TV. Fabrica influencers particulares e os transforma num exército de mercenários digitais que inflam o alcance de seus vídeos. É uma espécie de tráfico de tráfego para fazer pó da concorrência.

Os adversário primeiro faltaram aos debates. Não adiantou e já desistiram de desistir. Depois, entraram na Justiça para suspender as contas de Marçal nas redes. Tampouco fez efeito.

Marçal aprendeu a manipular a ditadura dos algoritmos que ditam quem recebe ou não atenção do público. Usa as redes dos mercenários para bombar a sua. E, assim, surfa solo a onda anti-política de 2024 como Bolsonaro surfou a de 2018.

Roubou o protagonismo do clã de quem chama de "capitão". Nos últimos dez dias, Marçal ultrapassou as menções a Jair:

no WhatsApp,

no Telegram,

no X-Twitter,

no Google,

nas rádios

e na televisão (segundo levantamento da consultoria Palver).

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Mas não só. Marçal levou a melhor no bate-boca digital com Eduardo, o zero-três, e fez Carlos, o zero-dois, declarar voto nele, mesmo depois de ter tentado, em vão, desacreditá-lo.

O recuo do especialista em redes dos Bolsonaro não é outra demonstração de confusão mental. É mitigação de danos. Tanto que Carlos coagiu o governador Tarcísio de Freitas a se desdizer sobre votar nulo num eventual segundo turno paulistano entre Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL). Nem corou.

Os Bolsonaros não estão perdendo influência apenas no mundo virtual. Sangram também no real. Todo dia um bolsonarista contraria o clã e declara apoio em Marçal. Cleitinho, o senador-influencer de Minas Gerais, do mesmo Republicanos de Tarcísio, é o exemplo mais significativo. Joice Hasselmann, o menos.

Poderosos empresários do ramo imobiliário e financeiro que foram patrocinadores de primeira hora de Jair Bolsonaro já se bandearam para a candidatura de Marçal em São Paulo. Eles não aparecem em público, mas trocam mensagens de Zap e participam de encontros pessoais com a nova estrela da extrema direita. Jair, Tarcísio e os zeros todos sabem e não se conformam.

Se uns não se conformam, candidatos a prefeito de direita (e de centro e até de esquerda) respiram aliviados e confidenciam aos mais próximos: "Ainda bem que não tem um Marçal na minha cidade". Por enquanto. Vitorioso, será exemplo copiado a rodo.

Se os marqueteiros, os Bolsonaros e seus prepostos estão no lado que perdeu essa nova onda da direita, há alguns poucos profissionais que estão pegando rabeira e deslizando suave.

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A Justiça - eleitoral ou não - aparenta ser cada vez mais o único meio de barrar Marçal de se eleger prefeito. Sorte dos advogados.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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