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Opinião

Marçal 'vende' modelo de conexão com Deus que ameaça igrejas de Malafaia

As críticas do pastor Silas Malafaia pela falta de "liderança" de Jair Bolsonaro (PL) contra Pablo Marçal (PRTB), publicadas hoje na coluna de Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, se amparam também na religião: Marçal tenta vender um "novo modelo de conexão com Deus" e prospera no digital com a linguagem das igrejas, avaliou o colunista José Roberto de Toledo durante o Análise da Notícia desta terça-feira (8).

Para Toledo, a manifestação de Malafaia é "preocupante" para a direita, e indica que o racha atingiu o segmento evangélico, o que não tinha acontecido antes. Marçal atua de forma a colocar em risco o modelo de negócio das igrejas —e não só pelo linguajar, que o próprio pastor reconhece que ele sabe usar, mas também pelo negócio 100% digital.

Está claro que há um componente religioso, porque o Marçal lança um novo modelo de conexão direta com Deus, no qual as pessoas só pagam "pedágio" para o Marçal, mas não precisam pagar dízimo todo mês. Ou seja, deixando as igrejas de lado. Isso coloca em risco o negócio de Silas Malafaia, então dá para entender por que ele está tão bravo assim com o Marçal.

Não é concorrência de outra igreja, e não é algo geográfico. Como é uma campanha 100% digital, não existe campanha de rua e presença física, não existe geografia, o que também subverte as igrejas, que têm um componente geográfico. Você tem uma área de atuação meio limitada ao local que você frequenta. O público fiel de verdade, que paga o dízimo, é quem vai fisicamente, de corpo presente. Se aparece um concorrente que diz: 'não tem igreja, não tem dízimo, não precisa vir aqui, só me dá um Pix de vez em quanto', você coloca em risco todo o modelo de negócio.

Na entrevista, Malafaia também criticou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), com quem se disse "decepcionado" e classificou como um "um garoto bom, um garoto de futuro, [que] teve uma atitude de politiqueiro velho".

Para Toledo, Nikolas também foi um indicativo de perigo para a lógica de como operam as igrejas, já que o deputado também vende cursos que prometem prosperidade na internet, sempre com o elemento religioso presente. O parlamentar apoiou Marçal nas eleições em São Paulo, mesmo sendo mineiro.

Marçal provou que tem uma capacidade de mobilização digital muito maior do que a dos Bolsonaro. Tanto é que Nikolas Ferreira, também uma figura digital, que vende cursos pela internet e usa as mesmas táticas do Marçal, mudou de barco. Ele desembarcou do barco bolsonarista e entrou no barco do Marçal.

Então, a impressão que tenho é que a direita está rachando, porque, primeiro, do ponto de vista da tática digital, o Marçal é melhor do que o bolsonarismo, estando num patamar acima; segundo, do ponto de vista das igrejas, ao se omitir e não criticar alguém que se coloca em concorrência direta com elas, Bolsonaro as colocou em risco.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

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Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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