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Opinião

Direita racha por causa da inconfiabilidade e egoísmo de Bolsonaro

O aparente racha na direita brasileira após as eleições municipais ocorre principalmente pelo egoísmo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação aos apoios partidários, minados por ele nas disputas pelas prefeituras de São Paulo e Curitiba, avaliou o colunista José Roberto de Toledo no Análise da Notícia desta terça-feira (8).

Para Toledo, Bolsonaro se mostra como alguém inconfiável, e críticas públicas ao presidente —como as feitas pelo pastor Silas Malafaia em entrevista à colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo — só demonstram a dissonância entre o jeito bolsonarista de fazer política e a lógica das máquinas partidárias.

O grande significado dessa eleição foi a vitória das máquinas partidárias, das emendas ao orçamento, da organização dos partidos de direita tradicional e fisiológicos, que cresceram enormemente e vão mandar ainda mais do que já mandam. Nesse mundo em que as máquinas partidárias crescem, Bolsonaro encolhe.

Bolsonaro nunca trabalhou em grupo, sempre foi ele com ele mesmo, assim como Marçal. Por isso Bolsonaro passou por 12 partidos na vida dele. E agora está no PL, que não é dele, é do Valdemar Costa Neto. É o partido mais rico do Brasil. Quem paga o salário do Bolsonaro é o Valdemar. Bolsonaro se comportou nessa eleição dessa maneira: como quem não é do partido. O PL está na chapa do Nunes, Bolsonaro indicou o vice do Nunes, e ele não o apoia? Além de covarde, é inconfiável.

Esse componente, ao meu ver, mostra que a direita está rachada por causa da inconfiabilidade e do egoísmo do Bolsonaro, que nunca foi um cara de partido, continua não sendo e nunca vai ser. Isso não está na natureza dele.

Toledo também observou que, entre as críticas feitas por Malafaia a outras figuras da direita —como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) —, está o elemento da destreza com o digital.

Isso demonstra que Pablo Marçal se mostrou mais competente que o bolsonarismo nessa frente, e esse modelo, que usa da linguagem religiosa para vender cursos e promessas de prosperidade, ameaça a própria existência das igrejas, diz o colunista:

A impressão que tenho é que a direita está rachando, porque, primeiro, do ponto de vista da tática digital, o Marçal é melhor do que o bolsonarismo, estando num patamar acima; segundo, do ponto de vista das igrejas, ao se omitir e não criticar alguém que se coloca em concorrência direta com elas, Bolsonaro as colocou em risco.

Está claro que há um componente religioso, porque o Marçal lança um novo modelo de conexão com Deus, no qual as pessoas só pagam "pedágio" para o Marçal, mas não precisam pagar dízimo todo mês. Ou seja, deixando as igrejas de lado. Isso coloca em risco o negócio de Silas Malafaia. Dá para entender por que ele está tão bravo assim com o Marçal.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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