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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Allan dos Santos concretiza o projeto de Bolsonaro de apequenar o Supremo

Colunista do UOL

15/02/2022 09h47

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No final do ano passado, Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos, foi às redes sociais para enviar um recado a Alexandre de Moraes: "Eu não sei se o Alexandre vai conseguir me calar", declarou. "Mas uma coisa eu tenho certeza, e essa certeza é absoluta: quando vierem me calar estarei falando."

Com ordem de prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal há mais de quatro meses, Allan dos Santos ainda não recebeu a visita dos rapazes da Interpol. Continua rosnando e andando para as presumíveis autoridades. Foi ao Instagram para xingar Moraes, zombando da autoridade do ministro.

Allan dos Santos é um personagem típico da Era bolsonarista. Ele se considera um jornalista. No Planalto é visto como líder daquilo que Bolsonaro chama de "minhas mídias." No inquérito sobre mííicias digitais, é tratado pela delegada Denisse Ribeiro, da Polícia Federal, como uma ameaça à ordem democrática.

Para Alexandre de Moraes, trata-se de um fugitivo. Solto, o personagem realiza o sonho de Bolsonaro de apequenar o Supremo. A cada novo insulto, a suposta supremacia do Supremo Tribunal Federal fica menor.

Dias atrás, Allan dos Santos foi visto no enterro do polemista Olavo de Carvalho. Em seu novo vídeo, informa que reside em Orlando. Sugere a Moraes que requisite a ajuda do Mickey ou do Pato Donald para silenciá-lo. Só faltou aconselhar a escalação do Pateta.

Depois que Bolsonaro descumpriu ordem de Moraes para depor à Polícia Federal, a autoridade do ministro ficou diminuta. A movimentação de Allan dos Santos piora uma situação que já é ruim. A autoridade do ministro agora cabe numa caixa de fósforos. O Supremo encolhe junto.

O governo americano de Joe Biden, que enche aviões para deportar brasileiros que vivem nos Estados Unidos em situação irregular, não parece interessado em devolver Allan dos Santos a esta terra de palmeiras e sabiás. A Interpol dá de ombros para a ordem de Moraes. O Ministério da Justiça se finge de morto. O caso envolve um ineditismo sem precedentes.