Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Falas de Bolsonaro sobre o MEC evoluem do temerário para o ridículo
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
As manifestações de Bolsonaro sobre o escândalo do MEC evoluíram do temerário para o ridículo. O presidente soava temerário quando dizia que colocaria a cara no fogo pelo ministro. Descambou para o ridículo ao sustentar que Milton Ribeiro é perseguido por gente interessada em constranger o governo. Bolsonaro relança a surrada tese da perseguição política. Fala sobre as mazelas criminais ao redor não como presidente, mas como comentarista inocente do seu próprio governo.
O comentarista não diz nada sobre o grampo legal que permitiu à Polícia Federal escutar Milton Ribeiro contando para sua mulher que o ex-chefe lhe telefonara dos Estados Unidos para avisar sobre a operação de busca e apreensão que acabou ocorrendo 13 dias depois. Finge não existir a gravação em que o ex-ministro declara que abriu as portas do MEC para os pastores traficantes de verbas atendendo a um "pedido especial" de Bolsonaro.
O presidente comentarista se refere ao relaxamento da prisão do ex-ministro como suposta evidência de que nada foi descoberto sobre ele. Tolice. Bolsonaro ajusta o discurso. Na primeira hora, declarou coisas assim: "Se a Polícia Federal prendeu, tem um motivo." Agora, diz que a cana foi "injusta".
Bolsonaro faz de conta que ignora o fato de que a decisão provisória que soltou Milton Ribeiro e os demais integrantes do grupo que a PF chama de "organização criminosa" não tem nada a ver com o conteúdo cabeludo do inquérito. As celas foram abertas porque um desembargador do TRF-1 entendeu que os acusados poderiam responder em liberdade sem interferir na investigação.
É bem mais fácil e confortável para Bolsonaro sustentar a tese da formação de um complô urdido por um juiz de primeira instância, procuradores, agentes federais e repórteres comunistas para transformar um capitão modelo em corrupto. A alternativa seria admitir que tudo o que está na cara não passa de uma conspiração da lei das probabilidades contra um comentarista inocente.
Bolsonaro evoluiu da temeridade para o ridículo justamente num instante em que o processo foi remetido para o Supremo Tribunal Federal, por conta da suspeita de que o presidente interveio na PF para obstruir a investigação. O presidente e seus operadores contam com a impunidade proporcionada pela blindagem do procurador-geral Augusto Aras.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.