Governo Lula leva o bumbo do PAC para o quintal de Tarcísio
Menos de duas semanas depois de lançar o Novo PAC no Rio de Janeiro, berço eleitoral de Bolsonaro, o governo federal leva o bumbo de sua orquestra para fazer barulho em São Paulo. Numa programação de dois dias, o chefe da Casa Civil de Lula, Rui Costa, trombeteará a partir desta quarta-feira a promessa de derramar R$ 179,6 bilhões em investimentos no quintal do governador paulista Tarcísio de Freitas, visto como primeiro na fila do bolsonarismo light para a disputa presidencial de 2026.
Coordenador do programa de obras, Rui Costa ensaia um discurso com verniz institucional. O ministro faz um risco no chão para diferenciar Lula 3 do antecessor. Afirma que Lula respeita o "pacto federativo". Sustenta que os investimentos são definidos sem olhar a coloração partidária dos governadores. Correndo por fora, o ministro Renan Filho (Transportes) cuida de colorir a conjuntura com tintas eleitorais. Repete à exaustão que Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, entregou a malha viária do país em condições mais precárias do que recebeu.
Na segunda-feira, 48 horas antes do desembarque de Rui Costa em São Paulo, Renan Filho foi à jugular de Tarcisio: "O governo Bolsonaro investiu em quatro anos cerca de R$ 25 bilhões, apenas, em transportes", disse ele no Programa Roda Viva. "Isso é metade do que o governo federal investiu em 2012", enfatizou. "Neste ano, nós estamos investindo mais de três vezes o que investiram no ano passado."
O relançamento do PAC injetou na conjuntura um novo e intrigante ingrediente. Lula será confrontado com Lula, pois o programa inclui obras que foram lançadas em governos anteriores do PT e se converteram em canteiros paralisados. Ao atrair Tarcísio para o jogo, Lula embaralha as cartas, atribuindo a paralisia à uma alegada inação da gestão Bolsonaro.
Em São Paulo, serão alardeadas num encontro com empresários obras estratégicas para o governo estadual: o trem ligando a capital a Campinas, a expansão da Linha-2 Verde do Metrô paulistano e a construção de um túnel de Santos ao Guarujá. Antes de impulsionar os investimentos, o PAC vai se convertendo num empreendimento de marketing eleitoral. Tarcísio é como que compelido pelas circunstância a se integrar à agenda federal, sob pena de tisnar a fama de "tocador de obras".
Por ordem de Lula, a vitrine do PAC será exposta em todos os Estados. Em Minas Gerais, estado governador por Romeu Zema, outro candidato a herdeiro político de Bolsonaro, a exibição contará com a presença de Lula. Ali, os investimentos são estimados em R$ 171,9 bilhões. Antes de chegar a Minas, o roadshow do Novo PAC fará escala no Piauí e no Ceará, estados que Zema comparou a "vaquinhas que produzem pouco".
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