Suplente de Dino ganha 7 anos, 11 meses e 29 dias de mandato
Enviado ao Senado pelo eleitor do Maranhão, Flávio Dino exerceu apenas um dia do seu mandato de oito anos. Tomou posse em 1º de fevereiro. Licenciou-se no dia seguinte para assumir o Ministério da Justiça. O assento de Dino no Senado foi ocupado pela suplente Ana Paula Lobato. De repente, o que era temporário pode virar permanente.
Indicado por Lula para o Supremo, Dino depende do aval de 41 dos 81 senadores para vestir a toga. Confirmando-se a transferência, a suplente será automaticamente convertida numa senadora postiça. Sem ter recebido um mísero voto, será presenteada com sete anos, 11 meses e 29 dias de mandato. Permanecerá no Senado até 2030.
Ana Paula tem 39 anos, 12 dos quais dedicados à política. Disputou e perdeu uma eleição para deputada estadual e outra para vice-prefeita da cidade maranhense de Pinheiros, onde nasceu. Após dois reveses, elegeu-se vice-prefeita em 2020.
No ano passado, graças à influência política do marido Othelino Neto, presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Ana Paula foi parar na chapa de Dino. Há dez meses, licenciou-se de suas funções na prefeitura de Pinheiro para assumir a suplência que agora pode virar um mandato integral de senadora.
Se o caso da quase ex-suplente de Flávio Dino serve para alguma coisa é para recordar o absurdo em que se converteu a suplência de senador. Vinculados aos candidatos por parentesco, interesse econômico ou conveniência partidária, os suplentes escalam o posto de senador da República sem representatividade.
Quando um titular deixa em definitivo o cargo, o mais razoável seria realizar nova eleição. Ou dar posse ao segundo candidato a senador mais votado no estado. No caso da ocupação da vaga de Flávio Dino por Ana Paula o estelionato eleitoral chega a ser grotesco.
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