Desviando-se da corda, general empurra Bolsonaro para a forca
No inquérito sobre a tentativa de golpe, os militares que sentaram praça naquilo que Bolsonaro chamava de "minhas Forças Armadas" foram divididos em dois pelotões. Num, golpistas escancarados marcham na direção do patíbulo. Noutro, legalistas envergonhados receberam da Polícia Federal a oportunidade de explicar por que não denunciaram ao país que havia pus no fim do túnel em que Bolsonaro tentou enfiar a democracia brasileira.
Protagonista do segundo grupo, o general Freire Gomes comandava o Exército quando Bolsonaro tramou a virada de mesa. Permanece sob sigilo o depoimento que prestou na sexta-feira. Mas já se sabe que confirmou à PF ter participado de encontro no qual Bolsonaro discutiu os termos de uma minuta de golpe. A julgar pelo tempo da inquirição —cerca de dez horas—, o general estava disposto a restaurar a sua biografia.
Freire Gomes foi ecoado pelo brigadeiro Batista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, outro oficial que testemunhou o balé de Bolsonaro ao redor de uma minuta de golpe. É nítido o esforço dos ex-comandantes para se livrar da pecha da omissão.
Ao se desviar da corda, os legalistas envergonhados contribuem com o esforço da Polícia Federal para levar Bolsonaro à forca. Apertou-se um pouco mais o nó que enfeita o pescoço do capitão.
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