Josias de Souza

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Opinião

Anistias eternizam Congresso branquelo, machista e corrupto

Antes de sair em férias, os deputados presentearam os seus partidos com uma indulgência. Aprovaram a PEC da Anistia. O texto empurra para dentro da Constituição um perdão generalizado para crimes variados. Vão para o lixo multas estimadas em mais de R$ 20 bilhões. Agora, só falta o aval do Senado.

Entre as penalidades canceladas estão multas pelo descumprimento de regras de estímulo à participação de negros e mulheres na política. De quebra, rebaixou-se de cerca de 50% para 30% a verba destinada ao financiamento de candidaturas de negros. Poderia ter sido pior, pois o texto original falava em 20%.

É a quarta vez que o Congresso passa uma borracha nas perversões dos partidos. Há método na reincidência. A desfaçatez visa garantir que a política continue sendo o jogo viciado de sempre. Se o Brasil fosse um país lógico, a democracia seguiria a dinâmica de uma mesa de sinuca.

Num dos países mais desiguais do planeta, a maioria negra e feminina jamais seria tão subrepresentada no Congresso. Mas a política reduziu-se a um conjunto de estratagemas urdidos para que, na caçapa das ilusões, desapareçam os pretos, as mulheres e os seus eleitores naturais, também conhecidos como a maioria.

Anistias como a que a Câmara aprovou na noite passada fazem com que o brasileiro vá às urnas como se cada eleição fosse uma decisão com a bola sete. Num jogo contra os donos da mesa, com regras e tacos da casa, a maioria é encaçapada três vezes. O resultado é a eternização de um Legislativo branquelo, machista e corrupto.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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