Acusado de matar PM engana Justiça, mas escreve nome real e detona disfarce
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Acusado de matar em junho um policial da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM (Polícia Militar) paulista, Givanildo Rosa de Souza, 43, foi preso nove dias depois por um furto. Usando documento falso, ele enganou a Polícia Civil, o Ministério Público, a Justiça, o sistema prisional e quase saiu livre. A farsa foi descoberta somente após a assinatura do alvará de soltura.
Givanildo, apontado como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) foi preso em flagrante no dia 29 de junho com o parceiro Josival Serafim Mendes, 40. Ambos acabaram surpreendidos por dois policiais militares tentando arrombar o cofre de uma unidade do restaurante Ragazzo na Lapa, zona oeste de São Paulo.
Levado para o 91º DP (Ceasa), Givanildo apresentou carteira de identidade em nome de Givaldo Cedro de Oliveira. O papel da cédula era verdadeiro, mas os dados falsos, como nome, filiação e naturalidade. Só a data de nascimento não foi alterada. O documento tem como local de expedição o Maranhão, e por isso, não foi possível checar de imediato a autenticidade.
No dia seguinte, Givanildo, ainda se passando por Givaldo, foi levado para audiência de custódia no Fórum da Barra Funda. Um promotor de Justiça entendeu que o preso, por ser primário e não ter praticado crime com violência ou grave ameaça, poderia responder ao processo em liberdade, desde que cumprisse medidas cautelares.
Uma juíza concordou com o promotor e mandou expedir alvará de soltura em favor do prisioneiro. Uma das medidas cautelares era a apresentação do criminoso no Fórum da Barra Funda um dia depois de ser solto.
Givanildo foi levado para o CDP 1 (Centro de Detenção Provisória) do Belém, zona leste, e deu entrada na unidade com o nome falso de Givaldo Cedro de Oliveira. Cheio de ansiedade, ele ficou aguardando a chegada do alvará de soltura. Mas o sonho de liberdade dele acabou em pesadelo.
Polícia Civil conseguiu rastrear o suspeito e associá-lo a outro crime
Faltou muito pouco para o criminoso voltar às ruas. Isso só não aconteceu graças à intervenção de policiais civis da Seccional de Guarulhos (SP) e do chefe dos investigadores da 3ª Delegacia do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), José Roberto de Abreu.
Os policiais de Guarulhos receberam a informação de que um dos assassinos do cabo Jefferson Ferreira, atropelado e morto com tiros de fuzil no Jardim Helena, zona leste, havia sido preso na madrugada do dia 29 de junho e tinha apresentado documento falsificado.
Abreu rastreou digitalmente os boletins de ocorrência. O de número 2640/2020, do 91º DP, chamou sua atenção, pois continha o registro da prisão de dois homens, sendo que um deles, identificado como Givaldo Cedro de Oliveira, havia apresentado documentação de outro estado. O investigador apurou que o preso ainda estava no CDP 1 do Belém.
Na manhã do dia 30 de junho, o policial foi com uma equipe ao presídio para interrogar o detento, que já tinha assinado o alvará de soltura. E cometeu um grave erro: Preencheu o documento com o nome verdadeiro. Ele confessou o crime, disse que pagou R$ 20 mil pela carteira de identidade e foi indiciado por falsidade ideológica.
Morte de policial foi registrada por câmeras
Givanildo era foragido da Justiça. Abandonou o regime semiaberto na Penitenciária 2 de Mirandópolis (SP) na saidinha temporária do Ano Novo de 2020. Considerado pelas autoridades como integrante do PCC, o criminoso é condenado a 22 anos por associação à organização criminosa, lavagem de dinheiro e posse de explosivos.
Segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do DHPP, Givanildo confessou ter participado do assassinato do cabo Jefferson. A morte do policial foi registrada por câmeras de segurança da rua onde ocorreu o crime. Givanildo foi reconhecido nas imagens como um dos três autores do homicídio, de acordo com a polícia.
"Ele disse que recebeu uma missão para matar um PM. Afirmou que não conhecia o cabo e não revelou quem deu a ordem para o assassinato", explicou o delegado. Fábio Pinheiro Lopes acrescentou que o PM Jefferson era um bom policial, não trabalhava no patrulhamento de rua havia cinco anos e dava aulas como instrutor para os novatos rotarianos.
A advogada Karina Rodrigues de Andrade, defensora de Givanildo, disse que as investigações sobre as acusações contra seu cliente ainda estão em andamento e que é prematuro falar sobre o caso, já que ela ainda não teve acesso a tudo o que consta nos autos. Givanildo permanece preso e agora vai ter de cumprir a pena em regime fechado.
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