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Novo racha no PCC já matou 9 em SP, diz Ministério Público
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O PCC (Primeiro Comando da Capital) enfrenta um dos piores rachas desde fevereiro de 2018, quando Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, da alta cúpula da facção, foram mortos na região metropolitana de Fortaleza (CE), sob a acusação de desviar dinheiro da organização criminosa.
Segundo o MPE (Ministério Público Estadual), já se falam em nove mortos na nova guerra interna. Até agora nenhum corpo foi encontrado. Um dos desaparecidos é Nadim Georges Hanna Awad Neto, 42, o Naldinho. Ele sumiu no mês passado. O carro dele foi localizado na Vila Maria, zona norte da capital paulista, um dia depois. O MPE apurou, que entre os desaparecidos, três têm apelidos de "Quadrado", "Ceará" e "Prestígio" e eram ligados a Nadim.
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), de Presidente Prudente (SP), órgão subordinado ao MPE, disse que o racha do PCC nas ruas já é uma realidade e a morte de Nadim é uma prova disso.
"Ele era o número dois do PCC nas ruas e muito considerado pelos demais integrantes. Estava abaixo apenas de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta", disse o promotor. De acordo com Gakiva, Nadim foi cobrar de Tuta informações sobre planilhas apreendidas pelo MPE antes e durante a deflagração da Operação Sharks, realizada em setembro de 2020.
Gakiya explicou que as planilhas foram apreendidas com Robson Sampaio de Lima, o Tubarão (Shark em inglês, nome da operação do Gaeco), e mostram que o PCC faturou R$ 1 bilhão de janeiro de 2018 a julho de 2019 com o tráfico de drogas e usou doleiros para lavar o dinheiro.
O promotor de Justiça acrescentou que o serviço de inteligência apurou que Nadim desapareceu — e provavelmente foi morto — depois de pedir explicações sobre as planilhas. Ainda segundo Gakiya, esses documentos com números de faturamento bilionário não chegaram na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e os presos do PCC recolhidos naquela unidade não tinham conhecimento dessas movimentações.
Na avaliação de Lincoln Gakiya, a facção criminosa enfrenta novo racha porque alguns dos envolvidos na Operação Sharks, foragidos na Bolívia, estão usando a estrutura do PCC para fazer tráfico internacional de drogas particular.
Na minha opinião, já há esse racha e isso vai ter desdobramento tanto dentro quanto fora do sistema prisional"
Lincoln Gakiya, promotor de Justiça
Em fevereiro de 2018, após os assassinatos de Gegê do Mangue e Paca, o PCC enfrentou uma guerra entre integrantes. O narcotraficante Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, apontado pela Polícia Civil do Ceará como o homem que coordenou a matança dos dois integrantes da cúpula da facção, foi morto uma semana depois com tiros de fuzil no Tatuapé, zona leste de São Paulo.
O parceiro de Cabelo Duro, José Adnaldo Moura, o Nado, sumiu e até hoje o corpo dele não foi encontrado. Cláudio Roberto Ferreira, o Galo, outro integrante do PCC, suspeito de participar da emboscada contra Cabelo Duro, morreu também no Tatuapé com ao menos 70 tiros de fuzil.
O UOL não conseguiu localizar o advogado de Marcos Roberto de Almeida, o Marcos Tuta, também conhecido como África.
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