Topo

Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Prisão isola gêmeos do crime acusados de explodir bancos no interior de SP

Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão" (à esq.), e Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão" - Montagem com fotos de reprodução
Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão" (à esq.), e Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão" Imagem: Montagem com fotos de reprodução

Colunista do UOL

06/03/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Os gêmeos Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão", e Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão", 36, sempre foram unidos e inseparáveis. Inclusive no mundo do crime. Ambos integravam a maior quadrilha de explosões a agências bancárias do país.

Os irmãos são acusados de aterrorizar as cidades de Bauru, Araraquara, Ourinhos e Botucatu no interior de São Paulo. Segundo a Polícia Civil, eles explodiram bancos e agiram com tática de guerrilha, disparando contra postos policiais e bloqueando estradas com veículos incendiados durante a fuga.

A prisão isolou os dois. Ao menos temporariamente. Carlos Willian foi capturado e depois levado para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, forte reduto do PCC. O irmão também acabou detido e está no CDP 1 (Centro de Detenção Provisória) do Belém, zona leste da capital paulista.

Antes de ser preso, o endereço de Carlos Wellington era um luxuoso flat na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. A vida de classe alta que levava durou dois meses, até o último dia 26, quando foi preso por policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil.

Carlos Wellington caminhava pelo Largo do Arouche, no centro da cidade, em direção a uma academia de ginástica na República, onde faria musculação. Ele recebeu voz de prisão de policiais da equipe do delegado Fábio Sandrin, O criminoso portava duas pistolas e documentos falsos.

O irmão Carlos Willian teve o mesmo fim. Foi capturado em 30 de outubro do ano passado na maca de uma clínica médica na rua Maestro Cardim, Bela Vista, região central da capital paulista. O prédio comercial também é endereço de um flat.

Carlos Willian estava literalmente anestesiado. Seria submetido à cirurgia para a retirada de projéteis alojados no corpo. As balas foram resultado de um tiroteio com policiais militares após a explosão da agência do Banco do Brasil em Botucatu, em julho de 2020.

Eram ao menos 40 ladrões. O bando fugiu levando R$ 2 milhões. Carlos Willian foi levado por um casal para uma residência nas imediações de Botucatu, onde recebeu os primeiros socorros. Marido e mulher acabaram presos e confessaram à polícia ter ajudado o assaltante.

Os gêmeos são investigados pelas explosões a bancos em Bauru, em fevereiro de 2018; Ourinhos, em maio do ano passado, e Araraquara, em dezembro também de 2020. Em Ourinhos foram levados ao menos R$ 50 milhões do Seret (Serviço Regional de Tesouraria) do Banco do Brasil.

A Polícia Civil diz ter provas materiais e testemunhais contra os dois irmãos e garante que eles foram reconhecidos pelas vítimas na ação em Botucatu. Além deles, outras dez pessoas acusadas de participar do assalto também foram presas.

Uma delas é Tiago Ciro Tadeu Faria 38, o "Gianechini". O Ministério Público Estadual o denunciou em 4 de dezembro pelo crime de Botucatu. O assaltante também é conhecido como galã do "novo cangaço", em referência às quadrilhas que sitiam cidades do interior e explodem bancos.

Separados pela prisão, os gêmeos poderão se ver, à distância, nos próximos dias 12, 13 e 14 de maio deste ano. Ambos participarão, cada um em sua cadeia, de audiência virtual presidida pela 2ª Vara Criminal de Botucatu. O UOL não conseguiu contatar os advogados deles.