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Beneficiária do Bolsa Família é suspeita de lavar R$ 23 milhões para o PCC
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Elidiane Saldanha Lopes Lemos, 39, declarou ser beneficiária do antigo programa social Bolsa Família, destinado à distribuição de renda para pessoas carentes. Porém, ela tinha uma transportadora de veículos registrada em seu nome e é suspeita de ter lavado R$ 23,7 milhões para o PCC (Primeiro Comando da Capital), afirma o MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
A Justiça decretou no domingo (10) a prisão preventiva de Elidiane e do marido Ciro César Lemos, 44, ex-presidiário condenado por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Segundo o MP-SP, o casal está foragido.
O advogado Roberlei Cândido de Araújo disse que Elidiane e Ciro são inocentes de todas as acusações. Segundo o defensor, a verdade prevalecerá no decorrer do processo e todas as medidas necessárias estão sendo tomadas nas instâncias superiores para reverter esse quadro.
Transportadora perto de penitenciária
A empresa de Elidiane e Ciro, denominada Lopes Lemos Transportes, ficava situada nas proximidades da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), onde a cúpula do PCC cumpria pena até fevereiro de 2019, quando foi removida para presídios federais.
A suspeita do MP-SP é a de que os chefões máximos do PCC tenham constituído a empresa para o casal, como forma de lavar dinheiro do tráfico de drogas, e também como estratégia para usar os veículos da transportadora como apoio logístico em uma possível ação de resgate de presos na P-2 de Venceslau.
O Ministério Público apurou que a transportadora foi constituída em 2015 com um capital social de R$ 300 mil. Em 24 de outubro de 2019, esse montante atingiu a cifra de R$ 3,6 milhões. Em 19 de maio de 2020, Lidiane foi retirada da sociedade e o capital foi redistribuído para Ciro.
No período de 2015 a 2019, Ciro movimentou R$ 2,3 milhões; Elidiane, R$ 1 milhão e a transportadora, R$ 20 milhões, totalizando R$ 23 milhões. A empresa do casal chegou a ter uma frota de 56 veículos, entre caminhões, tratores, semirreboques, carros e caminhonetes de luxo.
Atentados descritos em mensagens
O casal começou a ser investigado em 23 de julho de 2019, quando agentes penitenciários apreenderam um bilhete em poder de dois presos na cela 139, Pavilhão 1, da P-2 de Presidente Venceslau. Segundo o MP-SP, as mensagens falavam em atentados contra autoridades do sistema prisional.
Um dos alvos era o ex-diretor-geral do presídio, Luiz Fernando Negrão Bizzoto. Um dos trechos da mensagem dizia que "aquela mulher da transportadora" estava levantando o endereço dos servidores do sistema prisional marcados para morrer.
O serviço de inteligência das forças de segurança analisou o material apreendido na cela e chegou ao nome da transportadora e ao casal dono da empresa. Foi apurado também que Ciro ficou preso em Presidente Bernardes, em 2006, junto com a alta cúpula do PCC.
O casal foi denunciado à Justiça em 17 de novembro de 2021 pelos crimes de associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. O MP-SP requisitou a prisão preventiva dos acusados, mas o pedido foi indeferido na 3ª Vara Criminal de Presidente Venceslau.
O Ministério Público recorreu da decisão e desembargadores do Tribunal de Justiça, tendo como relator Mauro Devienne Ferraz, entenderam que a prisão preventiva é necessária porque o casal é acusado de cometer crime de natureza grave e permanente e ainda manifestou o interesse em sair do país.
As investigações apontaram ainda que Elidiane e Ciro levavam uma vida de luxo e costumavam fazer viagens internacionais para Miami e Orlando, na Flórida, Estados Unidos, e também para a Espanha, na Europa. O MP-SP suspeita que o casal esteja escondido na Bolívia.
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