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Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Mais um jornalista é morto a tiros em Pedro Juan Caballero, no Paraguai

Colunista do UOL

06/09/2022 17h48Atualizada em 06/09/2022 20h58

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O jornalista paraguaio Humberto Andrés Coronel Godoy, 33, foi assassinado nesta terça (6) em Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai, vizinha de Ponta Porã (MS), área de fronteira entre os dois países. Ele é o segundo profissional de imprensa morto na região desde 2020.

Godoy trabalhava na Rádio Amambay. Em junho deste ano, ele o colega de trabalho Gustavo Manuel Báez Sanchez, 28, foram à 7ª Delegacia de Polícia de Pedro Juan Caballero para denunciar que tinham sofrido ameaças de morte.

Na ocasião, Sánchez saía de casa quando encontrou na rua um cartaz com os seguintes dizeres: "Sabe muitas coisas. Vamos apagar o que sabe muito. Gustavo e Umbertito", dizia o cartaz, em referência aos dois profissionais de imprensa.

Ameaça de morte recebedida por dois jornalistas no Paraguai, um deles foi assissinato nesta terça (6) - Polícia do Paraguai  - Polícia do Paraguai
Ameaça de morte recebedida pelos jornalistas no Paraguai
Imagem: Polícia do Paraguai

No dia seguinte à denúncia feita à polícia, a promotora de Justiça do Paraguai, Cecília Diaz, nomeou um agente policial para dar proteção ao jornalista Sánchez.

Para a polícia paraguaia, a mensagem dava a entender que os jornalistas sabiam demais e, por isso deveriam ser assassinados. Ambos não souberam dizer de onde partiram as ameaças.

Segundo autoridades locais, o ataque contra Godoy aconteceu em frente ao prédio da rádio onde a vítima trabalhava. O jornalista se preparava para entrar em seu veículo. A emissora pertence à família do ex-prefeito de Pedro Juan Caballero, José Carlos Acevedo, morto em atentado na mesma cidade em 21 de maio deste ano.

Em junho deste ano foi encontrado outro panfleto, dessa vez nas dependências da rádio Amambay, relatando o assassinato de Acevedo. Em 2016, criminosos lançaram duas granadas de mão contra a emissora. Por sorte, os artefatos não explodiram.

Assim como Ponta Porã, a cidade fronteiriça de Pedro Juan Cabalero é marcada pela violência, com constantes assassinatos e também pela presença de integrantes de facções criminosas, principalmente ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Jornalista brasileiro

O jornalista Leo Veras, assassinado no Paraguai - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
O jornalista Leo Veras, assassinado no Paraguai
Imagem: Reprodução/Facebook

Em fevereiro de 2020, o jornalista brasileiro Léo Veras, 52, foi morto com 11 tiros em Pedro Juan Caballero. Dois encapuzados invadiram a casa dele e o surpreenderam quando a vítima jantava tranquilamente com a família.

O crime aconteceu na noite de 12 de fevereiro. Eram 20h. Os atiradores entraram na casa e um deles destravou o gatilho da pistola Glock 9 mm. O barulho da arma chamou a atenção de Veras. Ele chegou a correr, mas acabou atingido fatalmente.

As investigações iniciais apontaram que o jornalista brasileiro havia sido assassinado por integrantes do PCC. A polícia paraguaia apurou que a pistola Glock usada no crime havia sido utilizada nos assassinatos de outras sete pessoas. Todas as mortes foram atribuídas à facção criminosa paulista.