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Ex-mulher de megatraficante gasta R$ 3,7 milhões em bolsas, roupas e joias
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Investigações da Polícia Civil de São José dos Campos (SP) apontam que uma das ex-mulheres do megatraficante de drogas João Aparecido Ferraz Neto, o João Cabeludo, gastou R$ 3,7 milhões com bolsas, sapatos, joias, perfumes e roupas de grife entre maio de 2016 e julho de 2021.
João Cabeludo é um dos criminosos mais procurados do Brasil. As condenações dele somam 500 anos. Há suspeitas de que ele esteja foragido na Bolívia, ao lado de outros traficantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), todos exportadores de cocaína para a Europa.
O advogado Bruno Ferullo, defensor da ex-mulher de João Cabeludo, disse que sua cliente jamais lavou dinheiro ou ocultou bens do ex-marido e que provará a inocência dela ao longo da instrução. Ferullo acrescentou que, quanto à compra dos bens de luxo, tudo será devidamente comprovado que foram adquiridos de foram lícita.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de João Cabeludo, mas publicará a versão dos defensores dele na íntegra assim que houver um posicionamento.
A ex-mulher é investigada por suspeita de lavar o dinheiro e de ocultar os bens de João Cabeludo, provenientes do tráfico internacional de cocaína. A pedido da Polícia Civil, a Justiça de São Paulo determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dela.
Documentos aos quais a reportagem teve acesso mostram que a ex-mulher do traficante levava uma vida de milionária e era cliente assídua de lojas de grife e de marcas famosas localizadas nos shoppings JK, Iguatemi e Cidade Jardim, frequentados por consumidores de classe alta em São Paulo.
Os agentes apuraram que as compras eram pagas em dinheiro. Apenas com artigos da Louis Vuitton, ela desembolsou R$ 1.088.515,00 no período de agosto de 2016 a julho de 2021. Da marca italiana Gucci foram comprados R$ 700.670,00 em bolsas, roupas, calçados, perfumes e acessórios.
Da Dolce & Gabbana, outra marca italiana, a ex consumiu R$ 504.465,00 em bolsas e outros artigos. Da H Brasil Comércio de Importação e Exportação foram pagos R$ 429.125,00 em bolsas e outros produtos.
A documentação de 15 páginas obtida pela coluna revela ainda que com a Tiffany foram gastos R$ 426.355,00 em joias. Foram comprados ainda R$ 405.285,00 em produtos da RLG Brasil; R$ 111.923,00 com roupas, sapatos e bolsas da britânica Burberry; e R$ 75.988,00 com a Bulgari.
Policiais civis de São José dos Campos apuraram que João Cabeludo conviveu com três mulheres, todas daquele município. A última delas, alvo principal da investigação, era de origem humilde e até 2015 declarava viver em uma casa simples na periferia da cidade.
Os investigadores descobriram que a partir de dezembro de 2017, logo após a morte de Erik da Silva Ferraz, 39, o Erik do Vale, filho de João Cabeludo e apontado como integrante do PCC, a ex-mulher começou a lavar o dinheiro do megatraficante.
Erik do Vale era foragido do sistema prisional paulista e foi morto durante troca de tiros em operação da Polícia Federal em Maceió. Na casa de um dos "laranjas" dele foram apreendidos US$ 500 mil. Outro filho de João Cabeludo foi assassinado em 2013, em Jacareí, em uma briga de gangues.
Em junho deste ano, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em 11 cidades, inclusive São José dos Campos, em endereços ligados a João Cabeludo e de pessoas próximas a ele. Foram bloqueados imóveis de alto padrão, carros importados e joias, tudo avaliado em R$ 52 milhões.
Dessa última mulher dele, a Justiça determinou o bloqueio de uma casa de R$ 14 milhões e um apartamento de R$ 7 milhões em São Caetano do Sul (SP); oito flats na região da Consolação, zona sul paulistana, além de veículos Porsche, BMW e Mercedes Benz e também contas bancárias.
Ainda segundo os policiais civis, a ex de João Cabeludo agora convive com um integrante do PCC acusado de envolvimento no furto de R$ 164 milhões do Banco Central de Fortaleza, no Ceará, realizado em agosto de 2005.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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