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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Acusado de matar Gegê do Mangue diz sofrer tortura em cela; secretaria nega

Andrezinho da Baixada entrou no sistema penitenciário em fevereiro de 2020 e, agora, prefere ir até mesmo para prisão federal - Divulgação/Polícia Federal
Andrezinho da Baixada entrou no sistema penitenciário em fevereiro de 2020 e, agora, prefere ir até mesmo para prisão federal Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Colunista do UOL

15/02/2023 14h45

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A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) do Ceará negou os relatos feitos pelo preso André Luís da Costa Lopes, 44, o Andrezinho da Baixada, aos familiares e à defesa dele, informando estar sofrendo torturas e maus-tratos na Unidade de Segurança Máxima.

A reportagem ouviu os relatos repassados pelos familiares e pela defesa do preso na semana passada e procurou a SAP. Ontem, a pasta informou que as denúncias sobre a suposta prática de violência contra o interno não são verdadeiras.

O presidiário é apontado como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e responde a processo por duplo homicídio na Justiça cearense. Ele é acusado de participar dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

Ambos integravam o primeiro escalão do PCC e foram mortos sob a acusação de desviar dinheiro da facção. A defesa de Andrezinho da Baixada diz que ele não pertence ao crime organizado nem teve envolvimento nos homicídios. O processo continua tramitando e tem outros nove réus.

Andrezinho da Baixada contou aos familiares, durante a visita, que apanhou, levou tapas no rosto, foi dopado com remédios e teve a ponta de caneta enfiada sob a unha de um dedo das mãos para o funcionário saber se ele sentia dor.

Ele disse ainda que levou socos no peito, teve o tórax pressionado com força e desmaiou duas vezes após ser enforcado. Acrescentou que bateram muito nas pernas dele e que ele foi obrigado a tomar medicações.

Segundo a SAP, a Unidade de Segurança Máxima, onde o detento está recolhido, passa por fiscalizações regulares e cotidianas do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e entidades de controle social.

A pasta diz que aos internos do sistema são assegurados todos os direitos e são proporcionadas atividades de ressocialização, com capacitação e lazer conforme as especificidades de cada unidade prisional.

Segundo a SAP, o interno André Luís da Costa Lopes participa de forma permanente do projeto Livro Aberto, que entrega remição da pena através de leitura acompanhada; faz prática esportiva de futebol promovida na unidade e recebe visita regular de seus familiares.

A defesa do preso entrou com petições na Justiça solicitando a imediata remoção do cliente para outro estabelecimento prisional; a apuração dos relatos de torturas físicas e psicológicas e que ele seja ouvido pela Corregedoria dos Presídios e por um psiquiatra forense.

Andrezinho disse aos familiares que prefere ser removido para qualquer outra unidade prisional, mesmo uma penitenciária federal, de sistema mais rígido, pois tem medo de sair da prisão do Ceará morto em um caixão.