Drone do PCC levaria celulares à prisão onde estão suspeitos de matar PM
Investigações conduzidas pela Polícia Civil de Santos (SP) mostram que o PCC (Primeiro Comando da Capital) contratou um serviço de drones para transportar telefones celulares para presos do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Vicente, na Baixada Santista.
A unidade prisional abriga os suspeitos de envolvimento no assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, 30, da Rota (Rondas Ostensivas de Aguiar), morto com tiro no peito na noite do último dia 27, durante patrulhamento na Vila Zilda, no Guarujá.
Segundo policiais civis, os drones eram operados por Edmilson Monteiro de Oliveira, a mando da maior facção criminosa do Brasil. Investigadores cumpriram ontem mandado de busca e apreensão em um endereço ligado a ele, na Vila São Jorge, em Santos.
Na casa de Oliveira foram apreendidos drones, droga, dinheiro e aparelhos de telefone celular. Segundo a Polícia Civil, o preso admitiu ter sido contratado pelo PCC para transportar clandestinamente os equipamentos de telefonia móvel aos integrantes da organização que estão presos no CDP.
Agentes revelaram à coluna que Oliveira tem antecedentes criminais e respondeu a processos por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha. O preso foi levado para uma cadeia pública da Baixada Santista, mas poderá ser transferido para o CDP de São Vicente.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Oliveira, mas publicará a versão da defesa assim que houver um posicionamento.
De comparsas a inimigos
O CDP de São Vicente tem capacidade para 843 presos, mas ontem abrigava 960. Estão recolhidos provisoriamente na unidade os detentos Marco Antônio Assis Silva, 25, o Mazzaropi, e os irmãos Erickson David da Silva, 28, o Deivinho, e Kauã Jason da Silva, 19.
Os três são apontados pela Polícia Civil como suspeitos de envolvimento na morte do soldado Reis, da Rota. Todos, no entanto, negam a participação no crime.
Em depoimento à polícia, Mazzaropi acusou Deivinho como autor do disparo que matou o policial militar. Já Deivinho declarou que quem atirou no soldado da Rota foi Mazzaropi. Ambos eram comparsas no tráfico de drogas na Favela Seringueira, no Guarujá, mas agora viraram inimigos, segundo as investigações.
A polícia afirma que os dois já estavam brigados. Deivinho teria relatado que Mazzaropi mexeu com a mulher dele e a desrespeitou e, por esse motivo, ameaçou espancá-lo.
Os ex-comparsas vão permanecer isolados em regime de observação no CDP de São Vicente por pelo menos 10 dias. Eles devem ficar em alas separadas quando saírem para o convívio normal com outros detentos.
Outro lado
O advogado Wilton da Silva Félix dos Santos disse acreditar na inocência dos irmãos Deivinho e Kauã e acrescentou que provará isso no curso do processo.
O advogado Marco Antônio Assis Silva não foi localizado pela reportagem, mas o espaço para a versão da defesa do prisioneiro continua aberto.
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