Presídio na Bélgica que abriga o 'Escobar brasileiro' é chamado de resort
A prisão de Haren, localizada em Bruxelas (Bélgica), é chamada de "resort" por oferecer instalações modernas e tecnológicas, salas de informática, academia de ginástica, áreas de caminhada, bibliotecas, departamentos médicos e tratamento humano aos presos da unidade.
É lá que está recolhido, desde junho deste ano, o ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho, 64, o Major Carvalho, conhecido na Europa como "Escobar brasileiro" e apontado como um dos maiores narcotraficantes do mundo.
Inaugurada em setembro de 2022, a Penitenciária de Haren é a maior da Bélgica, tem 19 edifícios e capacidade para 1.190 detentos. Os prédios foram construídos em torno de uma praça central. Parte deles é destinada aos reclusos. Os pavilhões habitacionais recebem grupos de 10 a 35 presos.
O recém-chegado é mantido em observação por um período. Posteriormente, ele é colocado em uma ala apropriada ao seu perfil. As celas têm espaço em que é possível ver a sala de monitoramento, onde ficam os agentes penitenciários. A prisão dispõe também de lavanderia e salas de aula.
O governo brasileiro chegou a pedir a extradição do Major Carvalho. Mas, se depender da vontade do narcotraficante, ele jamais trocará Haren, em Bruxelas, por Mato Grosso do Sul, por exemplo, onde as prisões foram chamadas de pocilga por deputados da CPI do Sistema Carcerário em 2008.
O Major Carvalho era um dos criminosos mais procurados do mundo e foi preso em 21 de junho de 2022 em um hotel de luxo em Budapeste, na Hungria. Em junho deste ano, o "Escobar brasileiro" foi deportado para a Bélgica sob forte aparato policial.
Investigações da Polícia Federal do Brasil apontaram que o narcotraficante liderava uma organização criminosa responsável pelo envio de 45 toneladas de cocaína para a Europa. Os agentes apuraram que a quadrilha comandada pelo brasileiro movimentou R$ 2,25 bilhões.
A reportagem entrou várias vezes em contato com o escritório de advocacia que representa o Major Carvalho, em São Paulo, na quarta (27) e quinta-feira (28), mas não obteve retorno.
Juízes dormiram no presídio
Antes da inauguração de Haren, ao menos 55 juízes, de forma voluntária, ficaram dois dias encarcerados na penitenciária para saber como é a realidade do preso. Para o Ministério da Justiça belga, a experiência objetivava "ajudar os magistrados a proferir sentenças com pleno conhecimento dos fatos".
Os juízes cumpriram ordens e instruções dos funcionários da penitenciária. A medida visava tornar o encarceramento dos magistrados o mais realista possível. Eles comeram as mesmas refeições e realizaram as mesmas atividades obrigatórias dos presos, como serviços na cozinha e lavanderia.
Conforme a administração do presídio, os magistrados foram tratados como detidos e não puderam usar telefone celular, mas tiveram a oportunidade de receber visitas e experimentaram o que é a privação da liberdade. As luzes da unidade prisional foram apagadas às 22h.
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Quero receberPresos podem gastar dinheiro na cantina
A penitenciária abriga homens e mulheres. As mães reclusas têm permissão para ficar com os filhos de até três anos. As visitas sem supervisão são diárias, entre 10h15 e 13h15 e das 16h até 19h. As visitas infantis acontecem às quartas, sábados e domingos.
Os advogados podem conversar com os clientes diariamente, entre 7h e 20h30. Os presos têm direito de receber dinheiro de uma pessoa de fora da prisão, por transferência, cheque ou ordem de pagamento. A transação é feita na conta bancária da unidade.
Segundo autoridades da Administração Penitenciária da Bélgica, o preso pode gastar quanto quiser na cantina da prisão, desde que tenha dinheiro suficiente. Há rumores de que a pensão mensal recebida pelo "Escobar brasileiro" gira em torno de 6 mil euros.
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