Empresário envolvido em guerra do PCC escapa de atentado no Natal em SP
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 37, escapou de um atentado às 18h48 de ontem no prédio onde mora, no Jardim Anália Franco, Tatuapé, zona leste paulistana. Ele passava o Natal com os pais, filhos e tios no apartamento, quando um atirador disparou um tiro. A polícia ainda não sabe que tipo de arma foi usada.
Gritzbach é acusado pela Polícia Civil de mandar matar, em dezembro de 2021, Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, um narcotraficante que tinha grande influência no PCC (Primeiro Comando da Capital), e desde então vem sofrendo ameaças de morte por parte da facção.
O assassinato de Cara Preta gerou uma guerra interna na organização. Gritzbach foi denunciado e preso pelo crime, mas acabou solto em junho deste ano.
De acordo com os relatos, no final da tarde de Natal, o empresário se encontrava na sala do imóvel de luxo, ao lado da família. Segundo o advogado dele, Ivelson Salotto, Gritzbach estava ao lado da mãe e se aproximou da janela fazer uma filmagem com o telefone celular. Neste momento foi feito o disparo. A bala estilhaçou os vidros da janela. Ninguém se feriu.
Policiais civis do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) estiveram no local junto com peritos. As autoridades acreditam que o tiro partiu de um prédio vizinho, de cima para baixo, e têm os nomes de alguns suspeitos de ordenar o atentado. A vítima deve comparecer ao DHPP para ser ouvida.
Sequestro após deixar a prisão
O empresário saiu em liberdade em 7 de junho deste ano e, duas semanas depois, foi levado por dois homens que seriam policiais civis para uma casa nas imediações da Vila Aricanduva, zona leste paulistana, segundo delegados do DHPP.
Pessoas próximas a Gritzbach disseram à polícia que ele foi sequestrado no Tatuapé e colocado em uma viatura descaracterizada. No meio do caminho, o empresário teve de entrar em um Palio vermelho e seguiu para a casa na região da Vila Aricanduva.
Após passar algumas horas com os homens que o sequestraram, ele foi levado de volta ao bairro do Tatuapé e deixado em frente ao prédio onde mora. Gritzbach confirmou, à época, essa versão em depoimento no DHPP.
Acusado por duplo homicídio
O empresário ficou preso na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) após ser denunciado à Justiça junto com o agente penitenciário David Moreira da Silva, 38, pelos assassinatos de Cara Preta, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.
No dia 7 de junho, a Sexta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) por unanimidade, decidiu substituir a prisão preventiva de ambos por medidas cautelares alternativas.
Cara Preta e o motorista dele, Sem Sangue, foram mortos a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2021 em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue, além de motorista era o braço direito dele.
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Quero receberNa denúncia oferecida à Justiça contra Gritzbach e David, o MP-SP diz que o empresário trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima.
De acordo com o MP-SP, Cara Preta suspeitou que o empresário estava subtraindo parte dos valores investidos por ele e começou a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.
O MP-SP sustenta ainda que Gritzbach, para não devolver os valores subtraídos e não revelar as irregularidades praticadas, resolveu mandar matar Cara Preta. O empresário - continua o MP-SP - entrou em contato com David e ofereceu dinheiro para ele pelo planejamento e execução do crime.
David então procurou Noé e o contratou para matar Cara Preta. Noé aceitou a proposta. Porém, também acabou assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC, e teve a cabeça decepada, em represália aos homicídios dos dois integrantes da facção criminosa.
Réus alegam inocência
Gritzbach sempre negou envolvimento nos assassinatos de Cara Preta e Sem Sangue e disse ser vítima também. Os advogados dele afirmam que o cliente é inocente de todas as acusações e que isso será devidamente comprovado durante o curso processual.
A defesa argumenta ainda que Gritzbach tem ocupação lícita, empresa constituída, escritório e residência em endereços fixos e conhecidos, é pai de família, tem dois filhos e, por tudo isso, pede que seja negada a prisão do cliente.
David ficou preso em um CDP (Centro de Detenção Provisória) na Grande São Paulo e também foi solto. O advogado dele, Rodrigo Fonseca, diz que o cliente é inocente de todas as acusações, é primário, tem endereço e também trabalho fixos.
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