Quem é a ex-mulher de Cabelo Duro, do PCC, acusada de lavagem de dinheiro
Um duplex de 559 metros quadrados no Tatuapé, zona leste paulistana, adquirido em outubro de 2017 por R$ 3 milhões, era um dos endereços de Karen de Moura Tanaka Mori, 37. Ela é ex-mulher do integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) Wagner Ferreira da Silva, 32, o Cabelo Duro, assassinado em fevereiro de 2018.
Karen foi presa ontem (8) no Tatuapé, sob a acusação de lavar dinheiro para integrantes da facção criminosa na Baixada Santista. Segundo a Polícia Civil, ela foi flagrada com uma mala contendo R$ 1 milhão e US$ 50 mil (R$ 248.184,95, na cotação atual).
O anúncio da prisão foi feito pelo secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante entrevista coletiva em Santos. Karen foi chamada pelas autoridades de Japa do PCC. Segundo a Polícia Civil, ela era investigada por lavagem de dinheiro desde o ano passado.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Karen. O espaço continua aberto para manifestação dos seus defensores.
O ex-marido, Cabelo Duro, foi morto a tiros de fuzil em 22 de fevereiro de 2018 no bairro do Tatuapé. Uma semana antes, ele havia coordenado os assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, líderes do PCC, em Fortaleza, no Ceará.
Um mês depois do assassinato de Cabelo Duro, Karen prestou depoimento no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), em um inquérito sobre lavagem de dinheiro no qual seu ex-marido era um dos principais alvos.
Ela afirmou aos policiais que viveu com Cabelo Duro durante três anos. Contou que ele havia comprado por R$ 3 milhões um apartamento duplex no Tatuapé e que insistiu em colocar o imóvel no nome dela. Karen disse que relutou, mas não teve jeito.
Afirmou também que chegou a morar durante um ano em outro apartamento no Tatuapé. Segundo ela, Cabelo Duro sempre pagou o aluguel desse segundo imóvel, mas nunca mencionou o valor da locação.
Viagens de helicóptero
A ex-mulher de Cabelo Duro disse ainda que viajou ao menos duas vezes com ele para uma casa em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro. A primeira teria sido no helicóptero dele, um Esquilo preto. A outra, em um barco branco.
Além de ir a Angra dos Reis, Karen viajava de helicóptero com o então marido para Santa Catarina, no sul do Brasil, e Barretos, no interior de São Paulo. Em setembro de 2017, a viagem aérea foi para Piracaia (SP), onde Cabelo Duro comemorou aniversário.
Ainda segundo Karen, Cabelo Duro viajou várias vezes com os amigos para Angra dos Reis, sempre de helicóptero, inclusive em períodos de festa de Carnaval. Ela disse que o ex tinha um Corolla cinza escuro blindado, um Hyundai HB-20 azul e diversos outros veículos.
Durante o depoimento, Karen relatou que tinha uma loja de extensão de cílios no bairro do Cambuci, centro de São Paulo. E forneceu como endereço dela, naquela ocasião, um imóvel em Santos.
Por fim, contou que um dos melhores amigos de Cabelo Duro era José Adnaldo Moura, o Nado. Ele era apontado pela polícia como assaltante ligado à quadrilha que furtou R$ 164 milhões do Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005.
Nado sumiu no mesmo dia em que Cabelo Duro foi morto no Tatuapé. Há rumores de que ele foi julgado pelo tribunal do crime do PCC na favela de Paraisópolis, zona sul, e assassinado porque não quis revelar aos rivais o paradeiro do amigo.
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