Josmar Jozino

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Reportagem

Presídio federal no RN de onde fugiram dois presos tem ao menos 6 barreiras

Para chegar à Penitenciária Federal de Mossoró (RN), de onde dois presos do CV (Comando Vermelho) fugiram, visitantes, parentes de detentos e advogados têm obrigatoriamente de passar por ao menos seis barreiras. A vigilância é muito rigorosa e conta com câmeras de segurança antes mesmo da chegada à unidade prisional.

Advogados que têm clientes recolhidos no presídio disseram à reportagem que o monitoramento começa em uma estrada erma, nas proximidades da penitenciária. Os veículos que chegam são obrigados a parar antes de uma cancela. Os ocupantes têm de se identificar pelo interfone.

Uma viatura com dois agentes é acionada. Todas as portas dos carros visitantes e também o porta-malas são abertos. Os funcionários fazem uma minuciosa inspeção e depois escoltam os veículos até a segunda barreira: o estacionamento.

De lá, sempre escoltados por agentes, eles seguem a pé até a recepção, onde há um detector de metal. No local é realizada outra identificação. Todas as visitas devem ser agendadas previamente incluindo parentes e advogados de presos — até mesmo dentistas e médicos particulares.

Geralmente, os familiares e advogados já têm cadastros feitos anteriormente. Os defensores cadastrados passam por biometria no setor da recepção. O telefone celular e tudo que tem metal são guardados em um armário.

Os não cadastrados são submetidos a entrevista e têm de mostrar carteira da OAB, procuração assinada pelo cliente e outros documentos pessoais. Muitos advogados usam roupa de moletom, porque a calça comum geralmente tem zíper e nesse caso o profissional é barrado no detector.

Os familiares também têm de deixar o celular, cintos, brincos, anéis, relógios, sapatos, outros objetos com metal e todos os pertences trancados em um armário. Eles recebem um par de chinelos. Também passam por detector de metal e são submetidos até a revista íntima.

Um agente acompanha a visita até a próxima barreira. Nesse setor, o advogado recebe do presídio uma folha e uma caneta. Na saída, ele precisa entregar todas as anotações para um funcionário. Os papéis com tudo o que foi anotado pelo profissional é xerocado e fica com a direção da unidade.

Tudo é gravado e filmado

Na barreira há outro detector de metal. O equipamento nesse local é mais sensível e identifica com maior clareza qualquer objeto estranho. Depois, os familiares passam por um scanner corporal. Os advogados também podem estar sujeitos à mesma medida.

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A quinta barreira é uma sala cercada por grades e ferros onde ficam outros agentes. Ela também dispõe de câmeras de segurança e está próxima ao parlatório, onde os presos recebem a visita dos defensores; da mãe, do pai, irmãos, da mulher e filhos. Os parentes só podem entrar uma vez por semana.

No parlatório, a sexta barreira, há uma porta de aço. O advogado ou familiar fica trancado. Uma parede com vidro blindado separa o preso e o visitante. Um agente penal monitora tudo de uma sala próxima. Toda a conversa é gravada e filmada com autorização judicial.

O agente pode fazer intervenções, caso entenda que preso e visitante estejam falando algo em código ou passando recado extramuro. Nesse caso, o prisioneiro ou visitante têm de explicar com detalhes o que estava querendo dizer. Se não o fizer corre risco de ser punido disciplinar ou criminalmente.

Na saída, os visitantes voltam pelo mesmo lugar que entraram. Todo o trajeto, tanto na ida quanto na volta, é rigorosamente monitorado por funcionários e câmeras de segurança.

Intervenção

Após a fuga em Mossoró — a primeira registrada em uma penitenciária federal —, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandovski, afastou a direção do presídio e anunciou intervenção federal.

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O governo determinou que seja feita uma "imediata e abrangente revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais" e mobilizou a PRF (Polícia Rodoviária Federal) para monitorar as rodovias e dar suporte à recaptura dos presos.

Segundo apuração do UOL, os presos fugiram por um alambrado com uniforme azul da unidade.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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