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Josmar Jozino

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Reportagem

Pandora, da Transwolff, deixa a prisão um dia após alvará de soltura

Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, 54, presidente da Transwolff, investigada por envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital), deixou a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau às 18h desta quarta-feira (5).

Robson Flares Lopes Pontes, acusado de envolvimento com a maior facção criminosa do Brasil, também foi solto hoje. Os dois foram liberados um dia após terem sido beneficiados com alvará de soltura pela 12ª Câmara de Direito Criminal.

Ambos são réus em um processo pelos crimes de apropriação indébita, extorsão e lavagem de dinheiro. Eles foram presos em 9 de abril deste ano e transferidos para a P2 de Presidente Venceslau (SP), um dos maiores redutos do PCC no sistema prisional paulista.

Mais cedo, o advogado Roberto Vasco Teixeira Leite, defensor de Pandora, disse que a direção do presídio prometeu libertar o cliente até 15h. O defensor informou que se a promessa não fosse cumprida, ele iria analisar quais medidas seriam tomadas. A unidade diz que não recebeu o alvará de soltura na noite de terça-feira (4).

Familiares de Pandora ficaram até o final da noite de ontem em frente ao presídio, esperando a libertação do presidente da Transwolff, mas saíram de lá frustrados.

Assim como Pandora e Robson, irmão de Gilberto Flares Lopes Pontes, envolvido com o PCC e morto em agosto de 2021 pelo tribunal do crime da facção criminosa, um contador da Transwolff também foi preso e deve ser beneficiado com a decisão judicial.

Os três foram presos durante a Operação "Fim da linha", deflagrada pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo). Além deles, outras sete pessoas - três sócios, um ex-sócio, um contador e dois advogados - foram denunciados à Justiça.

Ao conceder o habeas corpus em favor de Pandora, o grupo de desembargadores entendeu que os fatos são complexos e se baseiam em procedimentos investigatórios criminais instaurados há longos anos e até mesmo em processos já arquivados.

Na avaliação dos desembargadores, os três presos devem ter a mesma igualdade de condições dos sete réus que estão soltos. A medida judicial também beneficia Robson Flares Lopes Pontes e deve ser estendida ao contador detido. O MP-SP vai recorrer da decisão.

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Segundo a denúncia do MP-SP, em janeiro de 2019, os investigados ocultaram por meio de outra empresa o aporte de R$ 54 milhões sob a forma de integralização do capital da Transwolff. O MP-SP sustenta que os valores foram provenientes do tráfico de drogas do PCC.

A Transwolff alega que a integralização foi feita por meio de empréstimos bancários para a aquisição de ônibus e ampliação da frota e também que todos os contratos têm notas fiscais.

PMs da Rota faziam segurança para os acusados
Pandora também foi acusado de ter contratado PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) para fazer escolta para ele e outros diretores - incluindo familiares - da empresa de ônibus.

Segundo a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), a Corregedoria da PM investiga se houve ou não a participação de policiais militares em atividades de segurança privada na empresa. Conforme a pasta, se for comprovada irregularidade, os profissionais serão punidos.

A reportagem apurou que os PMs fizeram segurança privada para a Transwolff no segundo semestre de 2020. Mas, um ano antes da contratação dos serviços, os diretores já eram investigados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) por suspeita de organização criminosa.

Em novembro de 2020, a Transwolff emitiu para uma empresa de segurança sediada em Santana, zona norte da capital, e ligada a um então capitão da Rota, uma nota fiscal no valor de R$ 20.006,70 pelos serviços prestados à diretoria da companhia de ônibus.

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O MP-SP apurou que um sargento da Rota chegou a receber R$ 4.000,00; outro sargento da tropa de elite da corporação ganhou R$ 2.000,00 e um cabo ficou com R$ 6.000,00. A Transwolff também pagou R$ 3.725,00 para um policial militar e mais R$ 275,00 para outro PM.

Outro lado

Roberto Vasco Teixeira Leite, advogado de Luiz Carlos Efigênio Pacheco, informou, por meio de nota, que o cliente nunca fez parte do Primeiro Comando da Capital e nunca fará. Segundo o defensor, a prisão foi indevida e Pacheco é uma vítima política.

O advogado disse que o MP-SP e a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária fizeram de tudo para dificultar a defesa do cliente transferindo de presídio em pouco espaço de tempo.

Em relação ao fato de Pandora ter contratado PMs da Rota para segurança pessoal, o advogado afirmou que "a tese do MP-SP de que seu cliente é integrante do PCC por si só já cai por água abaixo, porque uma tropa de elite jamais se submeteria a fazer segurança para criminosos".

Reportagem

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