Josmar Jozino

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Reportagem

Justiça decide levar empresário a júri por morte de integrante do PCC em SP

A Justiça de São Paulo decidiu levar a júri popular o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, e o agente penitenciário David Moreira da Silva, 39, como mandantes das mortes de dois integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, em dezembro de 2021.

A sentença de pronúncia foi anunciada na quarta-feira (10) pelo juiz Bruno Ronchetti de Castro, da 1ª Vara do Júri da Capital. No entendimento do magistrado, as provas colhidas e os relatos de testemunhas indicam que os réus podem ter idealizado e planejado o duplo homicídio.

Vinícius e David são acusados de mandar matar Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Ambos chegaram a ficar presos, mas acabaram soltos por decisão judicial.

Os defensores dos dois réus vão recorrer da sentença de pronúncia e afirmam que os clientes são inocentes de todas as acusações (leia abaixo).

As vítimas foram mortas a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2021 em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé, zona leste paulista. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele.

Na denúncia oferecida à Justiça contra Vinícius e David, o MP-SP diz que o empresário trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima.

Segundo o MP-SP, Cara Preta suspeitou que o empresário estava subtraindo parte dos valores investidos por ele e começou a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.

O MP-SP sustenta ainda que Vinícius, para não devolver os valores subtraídos e não revelar as irregularidades praticadas, resolveu mandar matar Cara Preta. O empresário - continua o MP-SP - entrou em contato com David e ofereceu dinheiro para ele pelo planejamento e execução do crime.

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David então procurou Noé e o contratou para matar Cara Preta. Noé aceitou a proposta. Porém, também acabou assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC, e teve a cabeça decepada, em represália aos homicídios dos dois integrantes da facção criminosa.

Outro lado

Vinícius e David sempre negaram envolvimento nos assassinatos de Cara Preta e Sem Sangue e disseram ser vítima também. Os advogados de ambos sustentam que os clientes são inocentes de todas as acusações e que isso será devidamente comprovado durante o curso processual.

Os defensores argumentaram que tanto Vinícius quanto David têm ocupações lícitas, endereços fixos, família constituída e jamais participaram de qualquer plano para matar alguém.

O empresário foi preso em 2 de fevereiro de 2023, mas acabou solto em 7 de junho do mesmo ano por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O agente penitenciário recebeu voz de prisão em 16 de fevereiro de 2023 e foi colocado em liberdade seis meses depois. Ambos continuam livres.

Reportagem

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