PM faz vigilância implacável a acionista da UPBus proibido de ir à Europa
O plano de um advogado investigado por lavagem de dinheiro e apontado como dono de R$ 1,2 milhão em ações da UPBus - empresa de ônibus acusada de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital) -, era viajar para a Europa no período de 8 de julho a 5 de agosto deste ano.
No último dia 5, a Justiça de São Paulo indeferiu o pedido de viagem formulado pelo advogado. Ele cumpre medidas cautelares, está proibido de sair do país e enfrenta a vigilância implacável de policiais militares em seus endereços na capital paulista e em Ubatuba, litoral norte do estado.
A meta do advogado era ficar com a família hospedado no hotel Torre Melina, em Barcelona, na Espanha, no período de 8 a 17 de julho. De lá, todos seguiram para a França e permaneceriam até 25 de julho no hotel Le Six, em Montparnasse, um movimentado e histórico bairro de Paris.
Em 25 de julho, o advogado e os familiares viajariam para Portugal e se hospedariam no hotel Corinthia, em Lisboa, até 5 de agosto. No mesmo dia, todos retornariam para o Brasil, em um voo da Latam, e desembarcariam no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.
O sonho do advogado de passar as férias com a família na Europa virou pesadelo. Desde o final do mês passado, ele é monitorado diariamente por policiais militares. Os agentes, ocupando um veículo com placa de Cariacica, no Espírito Santo, o vigiam todos os dias.
Capitão e soldado
No dia 7 deste mês, dois PMs também foram a um condomínio em Ubatuba, no litoral de São Paulo, onde o advogado é proprietário de uma casa. Eles chegaram em outro veículo. Um deles se apresentou ao porteiro e disse ser capitão. O outro agente seria um soldado. Câmeras de segurança gravaram os dois no local.
Segundo o porteiro, os PMs mostraram uma foto do advogado e contaram que um veículo dele teria se envolvido em uma colisão com um carro ocupado por outros indivíduos na capital paulista e que teria fugido, e por isso foram até Ubatuba, em busca de informações sobre o paradeiro dele.
A defesa do advogado enviou ofício à Justiça de São Paulo, pedindo a intimação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) para se manifestar e informar se a vigilância ao cliente tem o acompanhamento ministerial. Os advogados também questionaram quais motivos justificaram a adoção de tal medida.
Empresa na mira do MP-SP
A UPBus está na mira do MP-SP. O advogado e outras 17 pessoas foram denunciados à Justiça por associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. Quatro investigados tiveram a prisão preventiva decretada, sendo três considerados líderes do PCC.
Na denúncia consta que os líderes da facção Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, e Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, ambos foragidos, além de Alexandre Salles Brito, já preso, ocultaram com outros comparsas R$ 20,9 milhões da UPBus, provenientes do tráfico de drogas.
Na última terça-feira (16), a polícia prendeu Ubiratan Antônio da Cunha, presidente da UPBus. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, diz que ele descumpriu ordem judicial de entrar na empresa.
O MP-SP havia pedido também a prisão do advogado. A Justiça negou, mas impôs ao denunciado uma série de medidas cautelares. Uma delas era entregar o passaporte às autoridades, justamente para não poder sair do Brasil.
Os defensores dizem que os "bens do cliente têm origem lícita; que ele figura como advogado em 60 processos; o nome dele aparece em 1.701 publicações do Diário de Justiça Eletrônico" e que tudo isso prova que "seu patrimônio não é proveniente do tráfico de drogas nem de organização criminosa".
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Quero receberA reportagem não conseguiu contato com a defesa dos demais denunciados, mas o espaço continua aberto para manifestações.
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