Conteúdo publicado há 24 dias
Josmar Jozino

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Reportagem

Pivô de guerra no PCC nega ter sido sequestrado por policiais presos em SP

Em 21 de junho de 2023, o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), unidade de elite da Polícia Civil de São Paulo, recebeu uma denúncia de sequestro no Tatuapé, zona leste paulistana, e mobilizou várias equipes para investigar o caso.

A informação era de que o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, ameaçado de morte pela cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital) teria sido colocado em um Fiat Pálio vermelho, ocupado por dois policiais civis, e levado para cativeiro no Jardim Brasília, zona leste, por volta das 15h.

Vinícius estava em liberdade havia duas semanas. Foi acusado de matar dois narcotraficantes do alto escalão do PCC. As mortes geraram guerra sangrenta na facção. Ele deixou a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) pela porta da frente, em 7 de junho de 2023, usando tornozeleira eletrônica.

O empresário havia sido levado para a rua Manoel Pinheiro de Albuquerque, 157, e só retornou para seu apartamento às 16h30. Ele foi conduzido ao DHPP para prestar depoimento no mesmo dia. Porém, negou ter sido sequestrado e contou uma versão inverossímil à polícia.

Disse que era corretor e recebeu ligação de um investigador chamado Valdenir para avaliar um imóvel na região de Itaquera. Acrescentou que havia outro homem no Palio vermelho. O empresário afirmou que foi à casa do policial e conheceu a mulher e a duas filhas dele.

Já na residência, Vinícius revelou que recebeu a ligação telefônica de sua mulher, perguntando se ele havia sido sequestrado. O corretor negou, mas entendeu por bem voltar para seu apartamento, na região do Jardim Anália Franco, no Tatuapé.

No dia 26 de junho, o empresário prestou um segundo depoimento e mudou a versão. Dessa vez, alegou que foi levado ao Jardim Brasília no Palio vermelho ocupado por Valdenir, por um segundo policial e também por um terceiro homem, integrante do crime organizado.

Segundo o empresário, o desconhecido queria uma lista dos imóveis de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, um dos narcotraficantes influentes no PCC, que teria sido assassinado a mando do próprio Vinícius ao lado do motorista Antônio Corona Neto, o Sem Sangue.

No novo depoimento, o empresário, réu pelo duplo homicídio, revelou que, enquanto esteve na casa de Valdenir, um advogado ligou para o policial, a quem ofereceu R$ 3 milhões para que o entregasse aos comparsas de Cara Preta. Depois disso, ele acabou liberado e foi embora.

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Foram presos um dia depois por outro crime

A Corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para apurar se Vinícius havia sido sequestrado por homens da corporação. A Casa Censora descobriu que o Pálio vermelho foi usado em 21 de junho de 2023 pelos investigadores Valdenir Paulo de Almeida, 57, o Xixo, e Valmir Pinheiro, 55, o Bolsonaro, cujo apelido é por causa da relativa semelhança dele com o ex-presidente da República. Eles nunca tiveram contato.

Os agentes foram ao endereço de Valdenir no Jardim Brasília. Câmeras de segurança gravaram o Pálio estacionado a 160 m da casa dele. A geolocalização da tornozeleira eletrônica usada por Vinícius também indiciou que ele esteve naquela região no mesmo dia.

Os investigadores estavam à época lotados no 95º DP (Heliópolis), na zona sul. Ambos também foram ouvidos na Corregedoria da Polícia Civil e negaram ter sequestrado Vinícius. Valdenir sustentou que era amigo do empresário e o convidou para avaliar a casa dele na zona leste.

No último dia 2, atendendo a pedido do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), a juíza Helena Furtado de Albuquerque Cavalcanti, do Foro Central Criminal da Barra Funda, na zona oeste, decidiu arquivar o inquérito que apurava o suposto sequestro de Vinícius.

Valdenir e Valmir acabaram presos pela Polícia Federal no dia seguinte [ao arquivamento do inquérito], durante deflagração da Operação Face Off. Os investigadores foram acusados de receber propina de R$ 800 mil de criminosos para não levar adiante investigações sobre tráfico internacional de drogas.

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A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Valdenir e Valmir. O espaço continua aberto para manifestações dos defensores de ambos. O texto será atualizado se houver um posicionamento.

Reportagem

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