Josmar Jozino

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Reportagem

Polícia procura parente de olheiro envolvido em morte de delator do PCC

A Polícia Civil procura D.S.A., conhecido como Didi, investigado por suposto envolvimento com os mandantes do assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, morto com 10 tiros de fuzis no mês passado no aeroporto internacional de Guarulhos (SP).

Gritzbach delatou integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e policiais civis suspeitos de corrupção e foi fuzilado em 8 de novembro após desembarcar no terminal 2 do aeroporto com a namorada Maria Helena Paiva Antunes, 29, um motorista e um policial militar de sua escolta pessoal.

Quem é Didi

Segundo investigações, Didi é parente de Kauê do Amaral Coelho, 29, apontado como o olheiro que estava no saguão do aeroporto e avisou aos atiradores o exato momento em que Gritzbach deixava o terminal 2 em direção à faixa de pedestres, onde a vítima foi executada.

Policiais apuraram que Didi é um dos homens que mantiveram o empresário em cativeiro, no Tatuapé, zona leste da capital, em fevereiro de 2022, para cobrar R$ 100 milhões que o empresário teria desviado do narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta.

O narcotraficante e o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, foram mortos a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé. Gritzbach foi preso e acusado como mandante do duplo homicídio. Ele virou réu e respondia ao processo em liberdade. Desde então passou a sofrer ameaças.

Segundo a polícia, além de Didi, estiveram no cativeiro um agenciador de jogadores de futebol; um amigo de infância de Cara Preta; um ex-namorado de uma influenciadora com milhões de seguidores; e três homens conhecidos como João Cigarreiro, Nega e Pescador.

Tribunal do crime

Também estavam no cativeiro Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django, e Rafael Maeda Pires, 31, o Japa, ambos apontados como integrantes do PCC. Policiais contaram à reportagem que Gritzbach foi submetido a um tribunal do crime e que Django e Rafa impediram o assassinato dele.

Por conta disso, o PCC decretou a morte de Django. Ele foi enforcado e teve o corpo jogado sob o viaduto Vila Matilde, na zona leste, em janeiro de 2022. Japa acabou encontrado com tiro na cabeça em um prédio no Tatuapé em maio de 2023. A polícia investiga se ele foi induzido a cometer suicídio.

A força-tarefa criada para apurar a morte de Gritzbach já identificou João Cigarreira, o ex-namorado da influenciadora e agora Didi. Os agentes tentam descobrir quem é o Pescador e tem informações de que Nega teria sido preso recentemente pela Polícia Federal.

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O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apurou que Kauê, parente de Didi, usou um Audi preto para dar fuga aos dois homens que mataram a vítima. Os atiradores deixaram o aeroporto em um Gol preto e pegaram um ônibus depois.

Atirador identificado

Ambos foram filmados dentro do coletivo. Um deles, negro e de 1,90 m, também foi flagrado por câmeras de segurança de uma rua após descer do ônibus, no Jardim Cocaia, em Guarulhos. A polícia diz que já o identificou e que ele é um conhecido integrante do PCC.

Policiais afirmaram que tanto o Gol preto usado pelos atiradores quanto o Audi utilizado por Kauê para resgatar os comparsas foram cedidos por Matheus Augusto de Castro Mota, 33. Os dois homens são sócios em uma adega. Eles tiveram a prisão temporária decretada e permanecem foragidos.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Didi. O espaço continua aberto para manifestação dos defensores dele. O texto será atualizado se houver um posicionamento.

Busca e apreensão

No final da tarde de ontem, policiais do DHPP estiveram no prédio onde Gritzbach morava, no Jardim Anália Franco, zona leste. Lá apreenderam aparelhos de telefone celular e documentos.

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Na noite anterior, a namorada do empresário esteve na sede do departamento e prestou novo depoimento. O telefone celular dela foi apreendido. Maria Helena havia sido ouvida pela primeira vez na madrugada de 9 de novembro, algumas horas após o assassinato do namorado.

A reportagem também não conseguiu contato com Maria Helena nem com os advogados dela.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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