Caso Gritzbach: Família de delator do PCC também é ameaçada de morte em SP
O crime organizado vem ameaçando de morte a família de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), assassinado com 10 tiros de fuzis em 8 de novembro do ano passado, no aeroporto internacional de Guarulhos.
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) tem informações de que o PCC havia dado prazo até o dia 31 de dezembro de 2024 para a família de Gritzbach pagar uma dívida de R$ 6 milhões para um dos integrantes da facção criminosa.
Segundo o autor das ameaças, de vulgo Tacitus, - não identificado, mas que virou nome de operação da Polícia Federal e MP-SP deflagrada pra prender delatados por Gritzbach -, a quantia se refere ao dinheiro roubado de duas casas-cofre dele pelos investigadores Valdenir Paulo de Almeida, 58, o Xixo, e Valmir Pinheiro, 55, o Bolsonaro.
Casas-cofre são os imóveis do PCC destinados a esconder armas, cocaína, maconha e, principalmente, muito dinheiro em espécie, proveniente do tráfico internacional de drogas. As residências são construídas com bunkers e paredes falsas para despistar a polícia.
O delator forneceu aos dois investigadores os endereços de ao menos 15 casas-cofre e por isso também foi ameaçado de morte pelo PCC. A revelação dele causou um rombo de R$ 90 milhões à organização criminosa. Tacitus atribuiu o prejuízo a Gritzbach e exigiu o dinheiro de volta.
Como o prazo para a quitação da dívida venceu no último dia do ano passado, Tacitus, o dono das casas-cofre invadidas sem autorização judicial pelos investigadores, renovou ontem as ameaças de morte aos parentes do delator do PCC.
"Pode preparar os testamentos"
Ele enviou mensagens aos familiares de Gritzbach afirmando que eles não passarão de 2025, caso não paguem a dívida. O autor das ameaças avisou aos parentes do delator que eles estão desfilando com carros de luxo adquiridos com o dinheiro roubado dele.
"Nosso dinheiro fede a sangue. Sei que não pagaram ainda porque não tiveram acesso ao patrimônio dele [Gritzbach]. Isso não é nenhum pouco problema meu", escreveu o dono das casas-cofre em uma das mensagens ameaçadoras.
Em outro trecho ele advertiu: "Eu tenho poder de decisão sobre qualquer inimigo meu no Estado de São Paulo. Eu decido e cumpro tudo. Dei chance. Perderam a chance". E acrescentou a um dos familiares: "Pode preparar os testamentos. Pode aproveitar os dias que lhe restam".
Em outro parágrafo, Tacitus deu mais um ultimato aos parentes do delator do PCC: "Seja quem for que estiver sendo beneficiado com o nosso dinheiro vai pagar com a própria vida".
Assim como Gritzbach e seus familiares, os policiais Xixo e Bolsonaro também foram decretados à morte pelo dono das casas-cofre. Eles foram presos pela Polícia Federal em setembro do ano passado e estão no Presidio Especial da Polícia Civil, na zone norte de São Paulo.
Segundo investigações da PF, a dupla de investigadores recebeu propina de R$ 800 mil do narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior, 36, para livrá-lo de uma investigação sobre exportação de toneladas de cocaína para a Europa.
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